A atitude do apresentador Milton Neves, do Grupo Bandeirantes, de sugerir que seus seguidores olhem para a bunda de uma jogadora de futebol, é chocante, mas não surpreendente. No auge de seus 71 anos, ele é o retrato do jornalismo esportivo que envelheceu mal e machista.
Não é de hoje que o jornalista aparece nas notícias por fazer um comentário sexista. Porém, essa falta de noção é mais grave do que parece.
No domingo, a Neo Química Arena recebeu 41 mil torcedores que acompanharam a final do Brasileirão Feminino entre Corinthians e Internacional. O evento, além de ser um marco histórico, foi uma celebração do crescimento da modalidade no Brasil. Mas nem todos parecem ter celebrado essa conquista.
Afinal, com tantos assuntos sobre o futebol feminino na mídia, além da grande repercussão que o próprio Corinthians está promovendo, o que uma das referências da profissão preferiu repercutir em seu Twitter nesta semana? Isso mesmo… A bunda de Alisha Lehmann, atacante do Aston Villa, da Inglaterra.
Então, fica um questionamento: que tipo de jornalismo é esse? Te respondo que, certamente, é uma versão ultrapassada demais para caber em qualquer veículo.
A esta altura do campeonato, com a força da luta feminista, da resistência de esportistas contra o sexismo e contra o machismo, profissionais da área não podem mais se dar ao luxo de vomitarem o esgoto de suas mentes nas redes sociais sem esperarem a mínima retaliação.
É fato que Milton Neves e alguns outros nomes relevantes do esporte ainda enxergam as mulheres como meros acessórios decorativos no contexto do futebol. E, infelizmente, eles seguirão fazendo comentários nojentos e metralhando os feeds com seu machismo.
Mesmo assim, enquanto uma mulher estiver com seu uniforme, exercendo seu trabalho, seja num campo de futebol ou em qualquer outro espaço do esporte, o jornalismo sério estará fazendo o seu papel, se renovando na cobertura e aprendendo.
Um recado: só envelhece mal quem quer.