O anúncio oficial do Manchester United sobre a reintegração de Antony ao elenco é uma afronta. Vivemos em um país que somente no ano passado registrou 2.423 casos de violência contra a mulher, segundo o boletim "Elas vivem: dados que não se calam", da Rede de Observatórios da Segurança.
Uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas, mas um homem acusado de agressão e ameaças retorna ao trabalho por "colaborar com os inquéritos policiais".
Por que as palavras das vítimas são sempre tão enfraquecidas, para não dizer distorcidas? Afinal, quando um caso assim envolve jogador de futebol, é comum ler e ouvir comentários sexistas, que julgam as mulheres como "aproveitadoras" que querem 5 minutos de fama.
Ao Manchester, time com 145 anos de história, um dos mais tradicionais do mundo, bastou uma nota, longe de ser o suficiente.
"Como clube, condenamos atos de violência e abuso. Reconhecemos a importância de proteger todos os envolvidos nessa situação e reconhecemos o impacto que essas alegações têm sobre os sobreviventes de abusos."
Antony tem direito de se defender e não pode ser considerado culpado antes de uma decisão feita pelas autoridades, mas carregando acusações tão graves ele deveria estar em uma posição de destaque, recebendo aplausos e elogios de torcedores?
A repetição desses casos como de Antony, Pedrinho, Neymar, Daniel Alves, Robinho, Cuca e tantos outros que podemos listar aqui reforça a cultura do estupro existente na sociedade, e que é ainda mais potencializada no ambiente do futebol.