Violência do futebol não discrimina gênero e também mata mulheres

Mesmo sendo frequentadora de estádios desde sempre, não me sinto segura para incentivar outras mulheres a fazerem o mesmo

10 jul 2023 - 12h32
(atualizado em 26/10/2023 às 17h21)
Gabriela Anelli, de 23 anos, foi atingida no pescoço por uma garrafa de vidro no sábado, enquanto estava na fila do Allianz Parque para assistir Palmeiras x Flamengo
Gabriela Anelli, de 23 anos, foi atingida no pescoço por uma garrafa de vidro no sábado, enquanto estava na fila do Allianz Parque para assistir Palmeiras x Flamengo
Foto: Reprodução/Redes sociais

Estamos a 10 dias do início da Copa do Mundo, e deveríamos comentar apenas sobre a expectativa para esse evento, notícias da seleção brasileira e análises da competição.

Mas a semana começa com uma das piores notícias que podemos ter no futebol: a morte de uma torcedora após confusão no entorno do estádio.

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Gabriela Anelli, de 23 anos, foi atingida no pescoço por uma garrafa de vidro no sábado, enquanto estava na fila do Allianz Parque para assistir Palmeiras x Flamengo, e morreu nesta segunda-feira (10).

A torcedora palmeirense tinha o costume de ir aos jogos com seus pais, mas teve essa rotina - e toda a vida - interrompida por uma imbecilidade. A briga começou porque torcedores do Palmeiras viram dois flamenguistas próximo ao portão "A" do estádio e decidiram partir para briga, tal qual animais irracionais, que não conseguem conviver em sociedade.

Gabriela, infelizmente, não é a primeira nem será a última vítima de briga de "torcidas" - e aqui uso o termo entre aspas, pois não admito que pessoas que cometem essas atitudes recebam a mesma denominação de quem vai ao estádio por amor a um clube. 

Há quase um ano escrevi uma coluna intitulada "Você se sente seguro para levar sua filha a um estádio?", e hoje vemos que nada mudou. 

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Falamos muito sobre a importância de incentivar meninas e mulheres a praticarem esportes, a ocuparem espaços no futebol, que sempre foi muito machista, mas é difícil argumentar contra esses fatos.

Mesmo sendo apaixonada por esportes e frequentadora de estádios desde sempre, não me sinto segura para incentivar outras mulheres a fazerem o mesmo. Não há garantias de que elas não serão mais uma vítima como Gabriela, ou que não sofrerão assédio e outras formas de violência, que também sabemos que acontecem com uma frequência muito maior do que gostaríamos.

Toda nossa solidariedade à família de Gabriela Anelli. 

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