Organizações já receberam 64 relatos de assédio contra juiz de SP

Relatos de assédio estão sendo reunidos pela organização Me Too Brasil e pelo Projeto Justiceiras

18 ago 2022 - 18h33
(atualizado às 18h39)
Em nota, a defesa do juiz do Trabalho Marcos Scalercio afirma que ele não responde a processos criminais
Em nota, a defesa do juiz do Trabalho Marcos Scalercio afirma que ele não responde a processos criminais
Foto: Reprodução/YouTube

A organização Me Too Brasil e o Projeto Justiceiras já receberam, até esta quinta-feira (18), 64 relatos de assédio contra Marcos Scalercio, juiz da Justiça do Trabalho de São Paulo. Os relatos foram dados pelas vítimas por meio dos canais de atendimento de ambos os projetos. 

Segundo a Me Too Brasil informou ao Terra, 18 dos relatos foram encaminhados formalmente como denúncia ao Conselho Nacional do Ministério Público e outros dois ao Ministério Público de São Paulo. Além disso, três mulheres que o denunciaram às organizações já têm processo aberto tramitando na Justiça. 

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O magistrado é alvo de denúncias de assédio sexual que se tornaram públicas no começo desta semana. Inicialmente, o juiz substituto foi denunciado por três mulheres, incluindo uma servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. Está sob análise do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) essas denúncias contra ele. 

Relembre o caso

Veio à tona que Marcos Scalercio, juiz substituto do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região e professor do renomado cursinho preparatório Damásio Educacional, de São Paulo (SP), foi acusado de assediar sexualmente dez mulheres entre 2014 e 2020, sendo seis alunas dele, uma estagiária de direito, uma professora de direito, uma advogada e uma funcionária do TRT.

De início, os relatos foram divulgados nas redes sociais, mas logo chegaram à ONG Me Too Brasil, que oferece assistência jurídica de forma gratuita para as vítimas de violência sexual. Agora, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estão apurando as denúncias.

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Alguns dos relatos foram postados nas redes sociais, em grupos de concursos públicos para mulheres com prints que comprovam os assédios cometidos por Marcos. Três vítimas acusam o juiz de agarrá-las à força no gabinete dele no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Zona Oeste da capital, e também em uma cafeteria próxima ao curso preparatório. Já as outras sete vítimas disseram que Scalercio as assediou através das redes sociais, mandando mensagens inapropriadas.

A funcionária do TRT, uma das três denunciantes, relatou o assédio para a Corregedoria do TRT, que ocorreu no Fórum Trabalhista em 2018. O crime aconteceu após ela perguntar sobre as possibilidades de trabalho durante um evento no prédio do fórum. “Quando chegou no gabinete, o doutor Marcos [Scalercio] levantou e segurou os [meus] dois braços. Colocou força nos dois braços e começou a [me] beijar”, contou ela ao TRT.

Segundo ela, o juiz a encoxou e ainda disse “sei que você quer”. A funcionária tentou se afastar dele, assustada, colocando a mão em seu rosto e o empurrando.

Já a estudante de Direito que estagiava no fórum em 2019 contou que o assédio aconteceu ao pegar a assinatura de Marcos para cumprir a grade curricular que a faculdade exigia. “Eu o questionei se ele não tinha medo de criar essa situação dentro do próprio gabinete. Ele disse que ninguém acreditaria caso eu contasse”, disse a aluna, conforme a reportagem. Uma advogada também relatou o assédio ao Me Too Brasil afirmando que em 2020, quando seguia o juiz nas redes sociais, ele começou a perguntar sobre a sua vida sexual. 

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Após os primeiros casos se tornarem públicos, as organizações receberam novas denúncias, chegando a 64 relatos no total até a última atualização desta reportagem. 

Fonte: Redação Terra
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