Lançada pela escritora, psicóloga e pesquisadora Maria Aparecida da Silva Bento, popularmente conhecida como Cida Bento, a expressão surgiu em sua tese de doutorado intitulada “Pactos Narcísicos no Racismo: Branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público”.
A frase faz referência à figura mítica de Narciso, famoso por ser apaixonado pela representação da própria imagem. O termo cunhado por Cida revela o compromisso das pessoas brancas em manter a estrutura racial injusta, pois assim continuam se autopreservando e se privilegiando.
Em entrevista para o Roda Viva, Cida Bento explicou sobre a expressão e fez questão de salientar que o conceito de pacto não é algo combinado.
"Não é que as pessoas se encontram às cinco da manhã para combinar. Mas, nas diferentes instituições, você tem o mesmo perfil de pessoas liderando e liderar significa tomar decisões que influenciam o país".
Para Cida, o pacto da branquitude sustenta as desigualdades. "Esse pacto, ao mesmo tempo que fortalece o mesmo grupo de iguais, exclui quem não faz parte desse grupo", completou.
A psicóloga também afirmou que para a sociedade esse pacto é visto por questões de mérito. "Quando estes grupos (de pessoas brancas) estão na liderança de grandes instituições é porque possuem mérito. E o grupo que não está (de pessoas não brancas) é porque não estão devidamente preparados".
A filósofa e escritora Djamila Ribeiro também já comentou sobre a expressão. Em uma publicação em seu perfil do Instagram, ela escreveu: "No Brasil, trata-se de um pacto muito forte, quase indestrutível, que acaba por eleger um discurso autorizado de saber. Vale dizer que discurso aqui é além de simples pronunciamento, mas de ações, falas e existências".
Para mergulhar no tema, o livro Pacto da Branquitude de Cida Bento narra de forma clara e objetiva mais detalhes sobre a expressão.