Davi Kopenawa pediu a Francisco que apoie os esforços do presidente Lula para salvar povo yanomami. Terra indígena sofre com garimpo e desmatamento ilegal.Liderança do povo yanomami, Davi Kopenawa encontrou-se com o papa Francisco no Vaticano nesta quarta-feira (10) e fez um apelo ao pontífice para que apoie os esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para salvar sua gente.
"Pedi ao papa que apoie o governo Lula, porque Lula precisa de amigos. Ele não será capaz de fazer isso sozinho [salvar o povo yanomami]. Há muitas pessoas em volta dele, políticos que não querem que ele resolva isso", disse Kopenawa a repórteres. "Uma pessoa sozinha não pode resolver tudo. Por isso eu pedi apoio."
Em resposta, o chefe da Hutukara Associação Yanomami, que luta por direitos indígenas e pela preservação da Floresta Amazônica, disse ter ouvido do papa que ele conversaria com Lula.
"Não estou dizendo que vão resolver. É fácil acabar com as coisas, difícil é consertá-las. Mas eles estão tentando", afirmou Kopenawa. "Sou um homem da floresta que cuida do nosso planeta Terra. Estou esperando que a comunidade internacional lute, estou esperando pela comunidade internacional, que tem dinheiro, que faça isso, que pare a destruição do nosso planeta Terra que está acontecendo agora."
Garimpo e desmatamento ameaçam yanomami
A visita, segundo Kopenawa, se deveu a um convite de Francisc, que tem feito da defesa do meio ambiente um dos pilares de seu pontificado e condenado o saqueamento de recursos naturais na Amazônia e em outros lugares.
Ao pontífice, o líder indígena citou a contaminação da água pelo mercúrio, usado pelo garimpo, e o desmatamento para criação de gado e plantação de soja como as maiores ameaças ao seu povo, que tem amargado desnutrição e mortes.
Acredita-se que existam hoje 28 mil yanomamis, que vivem na maior reserva indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami, localizada nos estados de Roraima e Amazonas, fazendo fronteira com a Venezuela.
O território sofre há décadas invasão de garimpeiros, mas o assédio aumentou nos últimos anos com o desmonte das políticas de proteção ambiental durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sob Lula, o governo federal tem tentado retirar os garimpeiros da TI Yanomami, mas eles persistem. Em janeiro, foram anunciados R$ 1,2 bilhão em ajuda aos indígenas do local.
O equilíbrio da Floresta Amazônica é crucial para conter o avanço das mudanças climáticas. As áreas mais bem preservadas, segundo estudos, são aquelas sob tutela dos indígenas.
ra/av (Reuters, AP)