Papa revoluciona Sínodo e permite voto de mulheres pela primeira vez

Além disso, pontífice também institucionaliza voto de laicos no próximo encontro, que será em outubro

26 abr 2023 - 13h14
(atualizado às 13h55)
Pela primeira vez, Papa Francisco permitirá que mulheres votem na reunião dos bispos
Pela primeira vez, Papa Francisco permitirá que mulheres votem na reunião dos bispos
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Por Fausto Gasparroni - Em vista da assembleia geral de outubro sobre a Igreja sinodal, o papa Francisco revoluciona a composição do Sínodo dos Bispos e abre decididamente o encontro para a participação dos "não bispos" como membros com todos os efeitos, dispondo ainda o direito de votos para mulheres e para laicos.

Em outras palavras, não muda a natureza, nem o nome, que continuará a ser Sínodo dos Bispos, mas muda a composição dos participantes do próximo encontro de outubro no Vaticano. Os "não bispos" serão laicos ou religiosos nomeados diretamente pelo Papa, sendo que 50% deles devem ser mulheres. Todos terão direito a voto, chegando a um número total de 370 votantes entre 400 participantes.

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As novas disposições, comunicadas nesta quarta-feira (26) em um carta para os responsáveis pelas assembleias continentais, não revogam a constituição apostólica vigente Episcopalis Communio, firmada em 2018 e que já previa a participação dos "não bispos".

Mas, adiciona novidades, motivadas pelo desejo de que o sínodo venha "de baixo", e dá números precisos: serão 70 os escolhidos nessa categoria entre sacerdotes, consagrados, diáconos e laicos provenientes das Igrejas locais e representantes "do Povo de Deus". Além disso, não existirão mais os auditores.

"Não é uma revolução em si, mas uma importante mudança", disseram os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, secretário-geral e relator-geral do Sínodo, respectivamente, em coletiva de imprensa.

"Fala-se em 21% da Assembleia que permanece como uma plenária dos bispos, com uma certa participação de não-bispos. A presença deles garante o diálogo entre a profecia do Povo de Deus e o discernimento dos pastores", acrescenta Hollerich.

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Os nomeados pelo Papa virão de vários caminhos, incluindo de uma lista de 140 pessoas indicadas pelas Conferências Episcopais e da Assembleia dos Patriarcas das Igrejas Orientais Católicas (20 cada). Pede-se que a metade seja de mulheres e que os jovens sejam valorizados. Na escolha, deve-se levar em conta a cultura geral, com "prudência", mas também consciência e participação no processo sinodal.

Ainda terão direito a voto cinco religiosas e cinco religiosos eleitos por organizações de Superiores Gerais. Outra novidade é a presença de 10 votantes clérigos de Institutos de Vida Consagrada já previstos em 2018. Todas as eleições deverão ser ratificadas pelo Papa - e até que o pontífice não ratifique os processos, os nomes dos escolhidos não serão divulgados.

Falando de "ação histórica", a Conferência para a Ordenação das Mulheres (WOC) "celebra este desenvolvimento na história da Igreja para uma maior correspondência e equidade entre homens e mulheres no Sínodo".

"Uma quebra significativa no teto de vidro. O resultado de um sustentado ativismo, defesa e testemunho da campanha colaborativa 'Votos para as mulheres católicas', da qual a Conferência para a Ordenação das Mulheres teve um papel fundamental", acrescenta a organização.

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A WOC lembra que, em 2018, "liderou o pedido pelo direito de voto para as mulheres no Sínodo manifestando pacificamente fora da Praça São Pedro só para ser maltratada e atacada pela polícia vaticana". "Por anos, representantes e bispos vaticanos resistiram, mudando a porta de cada Sínodo sobre o motivo que as mulheres não podiam votar. Mas a razão não dita sempre foi o sexismo. Mas, agora, não voltamos para trás", finalizou a entidade. .

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