Um casal de homens gays diz ter sido espancado por oito seguranças ao deixar a boate Titanic Sur Mer, em Lisboa, na madrugada da última segunda-feira, 22. O relato foi feito por Jefferson Tenório Gomes, que é natural de Alagoas, mas vive em Portugal, e pediu ajuda ao governo brasileiro para que interferisse na situação. Jefferson não soube especificar se foi vítima de homofobia ou xenofobia.
"Eles [os seguranças] tentaram me assassinar, isso não foi apenas um espancamento. Eles me torturaram muito antes de me soltar", contou o brasileiro em seu perfil em uma rede social.
Jefferson explicou que a confusão começou na saída da boate, quando ele precisou ir ao banheiro. O namorado, Luís Almeida, teria tentado entrar novamente no bar já que Jefferson estaria demorando, mas os seguranças não deixaram.
"Ele insistiu avisando que tinha uma pessoa que estava lá dentro, nesse momento começou a ser empurrado por três seguranças, pedindo calma e questionando porque estava sendo empurrado. Recebeu um soco no rosto e foi ao chão sem ter feito nada. Ao ouvir o ocorrido fui em sua defesa tentando apartar, tanto eu quanto outro familiar também fomos agredidos", escreveu Jefferson, que contou que os dois estavam acompanhados por uma prima de Luís, que tinha ido a Portugal visitá-los.
Tentando acabar com a confusão, o alagoano teria então jogado uma pedra na fachada da boate, que quebrou um vidro. A partir daí, as agressões contra ele começaram. "Começou então uma cena de horror, na qual eu fui afogado no rio Tejo, torturado e agredido com socos e chutes no rosto e no corpo, com eles gritando que o iam me matar, acabei ficando completamente ensanguentado, a agressão só parou quando a polícia chegou", disse.
Porém, ainda segundo Jefferson, os policiais não fizeram nada além de apartar a briga. O casal foi levado a um hospital, e o alagoano precisou passar por uma cirurgia no nariz, onde teve três fraturas. Além disso, Jefferson afirmou que os anéis e relógios dos dois sumiram.
O Terra tentou contato com a boate Titanic Sur Mer, mas não recebeu retorno até o momento desta publicação. O perfil do bar limitou os comentários das publicações mais recentes e não tem respondido as perguntas feitas com relação ao caso.
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que informações detalhadas sobre assistências individuais a brasileiros só podem ser repassadas com o aval de familiares. Além disso, a pasta diz que, "por meio do Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, está à disposição dos nacionais brasileiros para prestar-lhes assistência consular".
Ataques contra brasileiros em Portugal
Ao fazer a denúncia, Jefferson Tenório recebeu relatos de outros brasileiros que sofreram agressões em Portugal. "Aconteceu isso com meu amigo Augusto também. Assim que ele chegou, em 2019. Mas também a polícia não fez nada", escreveu um seguidor de Jefferson.
No próprio vídeo em que compartilha sua história, inclusive, o alagoano trouxe o caso de um brasileiro que desapareceu em Lisboa e foi encontrado morto dias depois. "Nós, imigrantes, estamos gritando por socorro, por favor", disse Jefferson, ao pedir ajuda do governo.
