"Criança trans é igual gato vegano", diz deputado em CPI sobre transição de gênero em crianças

Membro do MBL, Guto Zacarias (União Brasil) também afirmou que "transição de menores é decisão de pai e mãe"

14 jun 2023 - 19h46
Guto Zacarias é membro do Movimento Brasil Livre (MBL)
Guto Zacarias é membro do Movimento Brasil Livre (MBL)
Foto: Reprodução/Instagram

Discussão, acusação de “lacração” e comparação de crianças trans em processo de transição com “gatos veganos” marcaram a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) sobre transição de gênero em crianças e adolescentes, realizada nesta quarta-feira, 14.  

Proposta pelo deputado bolsonarista Gil Diniz, a CPI tem o objetivo de investigar 280 acompanhamentos de transição de gênero realizados pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) em menores de 18 anos.

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Após dizer que “crianças trans não existem”, o deputado Guto Zacarias (União Brasil), vice-líder do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que “a transição de menores é decisão do pai e da mãe”.

“Criança trans é igual a gato vegano: todo mundo sabe que quem está fazendo essa escolha é o pai, uma mãe, um irresponsável que está impondo uma questão ideológica”, afirmou o deputado.

Guilherme Cortez, deputado do PSol, rebateu a fala de Guto Zacarias, afirmando que foi “repleta de chavões e tentativa de lacrar”.

Incomodados com a fala de Zacarias, deputados do PT e do PSol questionaram Gil Diniz, eleito presidente da CPI, se não iria interromper a fala do parlamentar, membro do Movimento Brasil Livre (MBL).

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“Os deputados que discordam da CPI puderam se manifestar, expor suas decisões. Mas se eu corto a palavra do deputado Guto Zacarias, ele pode me acusar de racismo e eu saio dessa CPI acusado de racista por cortar a palavra de um deputado negro. Vejam a situação a que estamos chegando. Não vou cercear os deputados”, respondeu o presidente.

Ambulatório de Identidade de Gênero

Ao Terra, o Hospital das Clínicas afirmou que todos os tratamentos e procedimentos oferecidos a seus pacientes estão respaldados por protocolos previstos no rol de atendimento do SUS e seguem regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM), bem como diretrizes de centros de excelência com reconhecida e ilibada atuação sobre o tema.

Sobre o acompanhamento de crianças e adolescentes trans, o hospital declarou que se trata de atenção prestada por equipe multidisciplinar especializada ao longo do tempo e eventual bloqueio hormonal a partir da puberdade, sendo que somente a partir dos 16 anos pode-se indicar hormonização para o gênero ao qual se identificam e após os 18 anos, caso tenham interesse, podem seguir para procedimentos cirúrgicos, conforme regulamentação do Ministério da Saúde.

Atualmente, o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos) do Instituto de Psiquiatria (IPq -  HCFMUSP) acompanha 358 indivíduos, sendo 136 crianças (de 4 a 12 anos), 169 adolescentes (de 13 a 17 anos) e 53 adultos (a partir 18 anos).

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O HCFMUSP informou, ainda, que está à disposição da Alesp para esclarecer sobre a assistência e o acompanhamento oferecidos a pacientes com disforia de gênero na instituição.

Fonte: Redação Terra
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