Ideologia de gênero: o que é e a polêmica nas escolas

O termo tem gerado discussões em diferentes esferas da sociedade; entenda o que é essa “ideologia” e sua repercussão nos debates públicos

22 jun 2023 - 05h00

Para falar sobre um tema tão complicado quanto a ideologia de gênero, é necessário explicar que a ideologia é um conjunto de crenças, valores, princípios e ideias que moldam e orientam o pensamento, comportamento e a visão de mundo de um grupo, sociedade ou indivíduo. 

Ela influencia como interpretamos a realidade, compreendemos as relações sociais, políticas e econômicas, e fundamenta nossas escolhas e ações e pode ser expressa em diferentes contextos, como político, religioso, econômico e cultural. 

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O que é a ideologia de gênero?

A expressão "ideologia de gênero" é frequentemente usada de forma pejorativa para se referir a uma suposta teoria que sustenta que as identidades de gênero são construções sociais e não biologicamente determinadas.

Muitas pessoas vivem presa ao pensamento retrógrado da ideologia de gênero.
Muitas pessoas vivem presa ao pensamento retrógrado da ideologia de gênero.
Foto: iStock / iStock

No entanto, essa definição é controversa e mal definida. Geralmente se referindo à compreensão de que os papéis, comportamentos e expectativas de gênero são socialmente construídos e podem variar culturalmente. 

A ideia central é que as diferenças entre homens e mulheres não são exclusivamente biológicas, mas também influenciadas por fatores sociais, históricos e culturais. Essa perspectiva busca desafiar estereótipos de gênero rígidos e promover a igualdade, a diversidade e o respeito às identidades de gênero, reconhecendo que estas podem ser fluidas e não necessariamente alinhadas ao sexo atribuído ao nascer. 

No entanto, é importante ressaltar que a ideologia e sua interpretação e aplicação variam dependendo do contexto e das visões individuais.

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Ideologia de gênero existe ou não?

A nomenclatura "ideologia de gênero" é tecnicamente incorreta, pois mistura conceitos distintos. 

Nos estudos sobre a sexualidade humana, "gênero" não se trata de uma ideologia, mas sim da identidade pessoal, ou seja, como uma pessoa se vê e deseja ser reconhecida. Gênero refere-se à construção social de características, papéis e comportamentos associados culturalmente ao feminino e ao masculino. 

Ela pode ser confusa, por isso, o termo é considerado errado.
Foto: iStock / iStock

É uma construção complexa que vai além do aspecto biológico do sexo. Por outro lado, "ideologia" se refere a um conjunto de crenças, valores e ideias que moldam o pensamento e comportamento de um grupo ou indivíduo. 

Portanto, chamar de "ideologia de gênero" sugere que a questão da identidade de gênero é apenas uma construção de ideias, quando, na verdade, ela se baseia na vivência e na autopercepção das pessoas. É importante compreender que a identidade de gênero é uma experiência individual e diversa, e não uma ideologia imposta.

Não se deve pensar em ideologia, mas em identidade.
Foto: iStock / iStock

Ideologia de gênero no Brasil

O debate sobre a ideologia de gênero no Brasil é altamente polarizado e continua sendo um tópico controverso. A expressão é frequentemente utilizada por aqueles que se opõem a discussões e políticas relacionadas a questões de identidade de gênero, orientação sexual e direitos LGBTQIA+. Essas pessoas argumentam que tais discussões e políticas promovem uma suposta "ideologia" que questiona as normas tradicionais de gênero e sexualidade.

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O gênero não é uma ideologia, mas sim de uma identidade.
Foto: iStock / iStock

No entanto, é importante destacar que o termo "ideologia de gênero" não é reconhecido como um conceito acadêmico legítimo. Muitos especialistas em gênero e sexualidade argumentam que a expressão é uma construção para descreditar e distorcer a luta por igualdade de direitos e inclusão social de grupos marginalizados.

Debates

No Brasil, houve debates intensos em relação a questões de gênero na educação, especialmente em relação à implementação da chamada "Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional" e a inclusão de temas relacionados a gênero e sexualidade nos currículos escolares através do PNE, o Plano Nacional de Educação. Em 2015, o termo foi excluído do plano. 

Alguns setores da sociedade, incluindo grupos religiosos conservadores e políticos, têm se oposto veementemente a essas iniciativas, alegando que tais discussões seriam inadequadas para crianças e jovens.

No entanto, também existem organizações, defensores dos direitos humanos e movimentos sociais que lutam pela promoção da igualdade de gênero, pelos direitos LGBTQIA+ e por uma educação inclusiva e livre de discriminação. Muitos argumentam que a discussão sobre gênero e sexualidade é importante para combater a discriminação, a violência de gênero e promover o respeito à diversidade.

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Fonte: Redação Terra
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