Criadas no interior de Minas Gerais, as irmãs Mayla e Sofia alcançaram a fama em 2021, quando fizeram juntas a cirurgia de redesignação sexual, virando notícia pelo mundo por serem as primeiras gêmeas a passar pelo processo – elas também foram as mais jovens a fazer a cirurgia no Brasil.
Todo o processo foi acompanhado por uma equipe que registrou a jornada que agora chegou ao streaming. A série Gêmeas Trans: Uma Nova Vida estreou nesta quarta-feira, 31, na HBO Max e Discovery+.
Ao longo de seis episódios, os primeiros três disponibilizados na estreia e os três últimos na próxima quinta-feira, 8, Mayla e Sofia se reencontram para curtir férias, rever antigos amigos e encarar novos desafios.
“Tudo começou com uma mensagem de solicitação no Twitter… quando mandaram, a gente achava que era um trote”, afirmou Mayla durante entrevista ao Terra.
“Contar nossa história de vida e tipo é algo surreal, porque são poucas pessoas no mundo que tem um próprio reality show que conta sua história de vida, principalmente no Brasil”, disse.
As irmãs revelaram que reviver o passado não foi fácil, principalmente diante de tantas câmaras e depoimentos. A todo momento elas foram acompanhadas por uma psicologa e por uma equipe preparada com pessoas plurais.
Representatividade
Mesmo aceitando o convite, toda essa exposição não era esperada pelas duas.
"No começo, a Sofia não estava preparada psicologicamente, e como a gente é vista juntas para tudo, o que uma fazia afetava a outra na época… Eu não tive tanta responsabilidade efetiva pelo lado dela. Eu pensei em mim mesmo. Talvez ela não respeitasse a minha escolha, eu também não respeitei a dela", afirmou Mayla.
Um dos grandes pontos enfrentados pelas irmãs foram os rótulos impostos pela sociedade.
"Ela se considera como uma mulher, simplesmente. Eu pego no meu lado ativista e já me considero no rótulo de mulher trans, mas por quê? Porque, tipo assim, eu sei que os rótulos são coisas absurdas criadas pela sociedade, mas no qual a gente entrou tem o poder de ajudar pessoas trans a conseguir nossos direitos perante à sociedade", explicou Mayla.
Sofia defendeu a posição de ser somente uma mulher. "Eu sou menos mulher por conta de uma mulher ou um homem cis entende? Sou do tipo neutra, mas eu luto pela causa porque eu luto por pessoas que passaram pelo que passei, passo e vou passar."
"A gente já nasce assim, ninguém nasce e escolhe sofrer preconceito. Nenhuma criança quer isso… Uma criança quer brincar, jogar futebol, comer uma comida gostosa com os amigos. Ninguém merece sofrer preconceito na escola", finalizou Sofia.