Um médico de Feira de Santana, na Bahia, protestou de uma forma irreverente contra o comentário homofóbico de uma paciente: vestiu uma peruca e se maquiou para atendê-la. Segundo contou em seu perfil em uma rede social, a mulher teria se queixado após ser atendida por um colega, no Hospital da Mulher, neste domingo, 4, afirmando que "não gosta de ser atendida por homossexual".
O médico então, que se apresenta nas redes como Diamann Nefer, precisou atendê-la já que o colega se ausentou do plantão para prestar queixa por homofobia. "Restou a mim, amigo dele, a acolher essa paciente e avaliar em retorno. Então, em solidariedade a ele, eu me arrumei para atender", disse Nefer no vídeo, em que aparece de peruca e maquiado.
Depois da consulta, ele fez um novo vídeo contando como se desenrolou a conversa com a paciente. "Já houve a consulta. A paciente foi acolhida, conversamos, orientamos direitinho. A escutamos, ela também escutou a gente. Ela está apta a pedir desculpas ao colega, aquela coisa toda", disse.
Nefer reiterou que não quis deixar a situação passar batido porque daria a ela e a outras pessoas a impressão de que esse comportamento, de se negar a ser atendido por causa da sexualidade do outro, seria aceitável.
"O pior de tudo é qual é o limite do outro. Porque tem gente que mata. A média de vida do trans no Brasil é de 35 anos de idade, é metade da idade da população brasileira de um modo geral. Então, a gente tem que combater esses atos e com amor, com respeito, com acolhimento", explicou.
O colega que foi vítima de homofobia é o ginecologista e obstetra Phelipe Balbi. Depois da repercussão do caso, ele também publicou um vídeo dando detalhes do ocorrido. Balbi contou que a mulher foi atendida por ele e ao sair do consultório o insultou.
"Ao aguardar para a realização dos exames a mesma se dirigiu a outra paciente no corredor e verbalizou 'EU ODEIO SER ATENDIDA POR HOMOSSEXUAL'", escreveu o médico, que ouviu o insulto homofóbico e foi até a mulher para pedir que ela se desculpasse, o que não ocorreu.
Balbi também explicou que a família dele ajudou o colega com a ideia da peruca. "Agradeço a minha família que se fez presente. Minha mãe mandou a peruca para que meu amigo prestasse o atendimento à paciente. Meu pai e minha irmã, também médicos, que estavam de plantão aqui hoje comigo", detalhou.
A Fundação Hospitalar de Feira de Santana, que gerencia o Hospital da Mulher, onde ocorreram os fatos, publicou uma nota no fim da tarde deste domingo, 4, reforçando o posicionamento ao lado do médico que sofreu homofobia.
"O nosso profissional já foi orientado a prestar queixa na ouvidoria da unidade e na delegacia. Homofobia é crime, e nós não vamos tolerar nenhum preconceito", diz trecho da nota.