O discurso da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi um dos momentos mais celebrados pelo público na sétima edição da Marcha do Orgulho Trans da Cidade de São Paulo, que aconteceu na última sexta-feira (31) no Largo do Arouche, em São Paulo. A parlamentar defendeu que o movimento LGBTQIA+ também use as cores da bandeira do Brasil e, em entrevista ao Terra, ressaltou a importância do voto consciente na busca por direitos.
O Terra é o veículo oficial da Parada SP, que tem cobertura patrocinada por Vivo, Amstel e L'Oreal
Hilton chegou ao som de gritos de "presidenta" e discursou ao público presente. Neste ano, a organização da Marcha Trans pediu para o público vestir verde e amarelo para o evento, ideia apoiada pela parlamentar, por mais que ela não estivesse usando essas cores.
"Retomar o verde e o amarelo de nossas bandeiras, é retomar a democracia brasileira, e lembrar que não há e nunca haverá democracia sem as pessoas transvestigêneres. Enquanto os nossos corpos tombarem e nossos direitos não ficarem assegurados, não há democracia. Não há democracia sem nós, porque nós somos a construção de um país e de um projeto de país democrático e popular, que valoriza a vida, as pessoas e toma conta das estruturas políticas, para mostrar que nós também podemos e estaremos nos espaços de tomada de decisão", declarou ela.
"Hoje, as cores de nossas bandeiras se misturam com o verde e o amarelo. Isso para lembrar para essa gente cafona, nefasta e horrorosa que o Brasil também é de bicha, de viado, de sapatão, de travesti, de homem trans, de não-binárie. O Brasil é nosso! E nós tomaremos ele de volta. Retomaremos a cor de nossa bandeira e retomaremos o Brasil, exatamente por esse motivo. Porque nós ainda queremos e subiremos a rampa do Palácio do Planalto. Nós ocuparemos a política, as esquinas, as ruas, e todos os lugares", completou a parlamentar.
A Marcha Trans aconteceu dois dias antes da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que atravessará a Avenida Paulista no próximo domingo (2) e tem como tema "Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo: Vote consciente por direitos da população LGBT+".
"Nós estamos vendo retrocessos diários no Congresso Nacional. A política precisa parar de retroceder e levar junto consigo toda a sociedade. É preciso levar o debate para frente, não para trás. Acho que a mudança está, inclusive, no que serão as eleições deste ano nos municípios em todo o Brasil. É hora de colocarmos nas câmaras municipais e nas prefeituras representantes políticos que representam as pessoas da sociedade, e não a agenda do conservadorismo, do antidemocrático, e do fascismo", analisou Hilton quando perguntada pelo Terra sobre o tema.
A deputada também falou do desejo de apoiadores para que ela um dia ocupe a Presidência. "Eu me sinto feliz e honrada. Acho que demorou muitos anos para que o Brasil começasse a sonhar, vislumbrar pelo menos, a possibilidade de um dia ter na Presidência da República uma mulher como eu [transsexual]. Isso não é sobre mim, isso é sobre a possibilidade de olhar para mulheres negras e travestis e poder imaginá-las ocupando um cargo tão importante. Isso alimenta a nossa luta, alimenta nossos sonhos, e nos faz batalhar para construir essa possibilidade", concluiu.