O dia em que eu e meu namorado conhecemos uma sauna gay

Era uma sexta-feira, dia de open bar, e por lá me desconcertei com um convite, vi um homem apertar meu boy e muito mais; veja o relato

29 jun 2023 - 00h05
(atualizado em 8/8/2023 às 11h02)

– Quem vai aparecer hoje?

– Eu colo!

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– Boa, hoje essa sauna pega fogo.

Logo após essas mensagens, muitos stickers safados. Tudo isso para manter os membros do grupo da sauna no Whatsapp ativos, com vontade de ir até o lugar e cientes das promoções diárias aleatórias. Há o "dia do novinho", onde quem tem entre 18 e 21 anos paga metade da entrada, o "dia do casal", "dia dos tatuados", "dia dos sem cueca" - neste caso, chegando na sauna sem cueca, você ganha um drink. 

Eu fui numa sexta-feira, dia de open bar. Aproveitei para levar meu namorado junto, já que ele nunca tinha ido a uma sauna. Eu já tinha ido, mas foi no longínquo 2018 A.P (antes da pandemia).

Não guardei nenhuma recordação daquela experiência passada, já que a visita estava atrelada a uma situação de total estresse. Eu tinha acabado de levar 'um bolo' em um encontro. Entrei rápido, peguei a primeira pessoa que vi na minha frente e fui embora. Não havia explorado seus muitos detalhes, pois tinha um único objetivo: aliviar um tesão. Coisa que muitos estavam ali para fazer também. Portanto, considero essa a minha primeira ida real a uma sauna. 

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A sauna ocupa um prédio de três andares, discreto, com a fachada envidraçada escurecida, para os pedestres não observarem o que acontece do lado de dentro. Ao entrar, subimos uma escada para o primeiro andar, onde fica a recepção. Para situar o leitor, vamos a uma breve explicação da estrutura: 

  • Na cobertura fica uma piscina, não muito grande, com chuveiros e uma área de convivência para fumantes. 
  • No segundo andar, estão localizados os quartos, cabines e uma televisão que passa pornôs gay. Tudo mantido no mais absoluto escuro, como em um dark room, mas com algumas lanternas vermelhas. 
  • No primeiro andar, fica a recepção, com um bar, uma área de convivência com sofás e um expositor de sexshop, onde se encontravam cuecas jockstrap --aquela que deixa a bunda de fora-- e muitos, muitos biquendos sexuais. Há opções para todos os gostos, com vários tamanhos e cores. 
  • No térreo ficam as duas saunas, a seca e a molhada, com outra área de convivência e mais uma televisão passando pornô gay a toda hora.  

Com isso explicado, voltamos para a ação. Ao chegar na recepção, fui informado que só haviam armários disponíveis, todos os quartos estavam reservados. Então nos deram uma toalha higienizada e embalada e entramos, dando de cara com uma parede cheia de armários. Lá, você tira sua roupa e define se quer ficar de cueca mesmo ou só de toalha. 

Optamos somente pela toalha. Seguimos e entramos, passando pelo bar e por uma área de convivência esvaziada. No bar, além de bebidas, eram servidas camisinhas e lubrificantes a vontade e de graça. Demos uma andada e resolvemos subir as escadas. 

Após subir um lance, passamos por uma entrada que levava a um lugar onde não se via absolutamente nada. Somente um homem de meia-idade encostado na parede com um olhar bem intimidador. Ao passarmos, ele apertou a bunda do meu namorado que estava atrás de mim, sem consentimento nenhum.

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Isso nos deu um leve susto, mas continuamos subindo até a cobertura, onde havia a piscina. Ficamos um pouco por lá, mas havia somente dois amigos conversando e bebendo. Um deles mantinha um constante olhar sobre nós. 

Resolvemos tentar voltar para o segundo andar, mas outro cara, dessa vez magro e careca, estava encostado na porta. Resolvemos entrar mesmo assim para conhecer. A nossa surpresa foi que ao entrar, ele começou a nos seguir. 

E lá fomos para um pequeno labirinto. Completamente escuro, não se via muita coisa, mas se ouvia muitos, muitos gemidos. De diferentes lugares. Em alguns momentos gritos de prazer e tapas entravam pelos meus ouvidos e me deixavam alerta. E o cara da porta ainda seguia a gente. 

Ao percebermos isso, entramos juntos na primeira cabine vazia e fechamos a porta na cara dele. Depois entendemos que quem fica na porta, fica a espera do mínimo contato, físico ou visual. Se rolar, isso é um convite silencioso para entrar e transar. 

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Nós tínhamos combinado que, se alguém que os dois achassem bonitos viesse para cima, não negaríamos nada. Este não era o caso. 

Ficamos na apertada cabine --com dois metros de comprimento por um de largura-- por 5 minutos, uma estratégia para mapear o lugar. As paredes eram de uma madeira compensada pintada de preto. E no chão, havia um colchonete fino. Fomos observando tudo nos mínimos detalhes. Até nos depararmos com fluídos frescos no canto da cabine. 

Saímos dela e fomos para outra. Dessa vez 'mais limpa'. Ficamos mais algum tempo alí para ouvir os gemidos ao nosso redor, e saímos para explorar mais. Andando mais a frente, encontramos uma televisão, com um grande sofá e uma jaula ao lado. Sim, uma jaula. Lá, dois homens de meia idade se curtiam enquanto assistiam o pornô na televisão. 

O nosso próximo destino foi a sauna. Antes de chegar nela, outra área de convivência com sofás, televisão e mais homens se pegando, novamente, de meia idade. 

Ao entrar na sauna seca, nos deparamos com um homem em ação e muitos outros assistindo. Nos juntamos aos espectadores. Mas, em pouco tempo, o cenário virou uma orgia, a deixa perfeita para partirmos para a sauna a vapor. Lá, por ter muito vapor, não dava para fazer muita coisa diferente de sentar e respirar. Neste momento, minha toalha caiu e, na mesma hora, um cara que estava no canto tirou sua toalha. Assim que a peguei e coloquei de volta, ele se enrolou novamente. 

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Resolvemos nos separar, meu namorado foi para o bar, para poder utilizar o celular, e eu voltei para a sauna seca para ver como as coisas estavam por lá. Assim que entrei, um homem entrou junto sem usar nada. Lá dentro, ele se tocava enquanto me observava. E eu olhava ao redor para ver como a sauna havia ficado após a orgia. Muitos pacotes de camisinha abertos estavam espalhados – o que me deu um certo alívio.

O homem sentou ao meu lado, deu um toque no meu ombro e sugeriu uma possível interação. Fiquei sem uma reação na hora, então parei para observar ele. Era um homem de porte mediano e com um peito cheio de pelos grisalhos. "Não cara, mas obrigado", disse eu, tocando em seu ombro.

Na hora ele saiu, e aproveitei para sair também. Busquei meu namorado no bar e voltamos para a piscina. Lá, havia muitos caras conversando, então embarcamos em alguns grupos até que começamos a conversar com um funcionário e um cliente.

O homem de meia idade média dizia estar lá para fugir de um sarau organizado por sua irmã. "O que eu gosto daqui é isso. Fujo, ninguém me acha e eu sei o que todo mundo aqui tá fazendo", disse o cliente, arrancando risadas do funcionário que estava com a gente. 

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Pelas constantes trocas entre funcionários e clientes, foi possível notar que muitos dos frequentadores são assíduos. A maioria do público mais velho e sem companhia. Vimos somente duas pessoas mais novas, na casa dos 20 anos. Mas, assim como eu e meu namorado, observando o ambiente.

Chegamos lá 16h e ficamos até às 22h, apesar de a sauna funcionar até meia-noite. O movimento começou a cair depois das 20h e já tínhamos visto muita coisa por lá.

Fomos embora. Meu namorado com uma péssima impressão devido ao assédio sofrido e aos montes de caras de meia-idade. Eu não achei o pior dos mundos. Não era um espaço com o tipo de homem que me atrai, mas era  um ambiente seguro, longe de preconceitos, para que homens gays possam colocar em práticas seus desejos. E não há nada de errado nisso! 

O dia em que eu e meu namorado conhecemos uma sauna gay
O dia em que eu e meu namorado conhecemos uma sauna gay
Foto: iStock/Diy13
Fonte: Redação Terra
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