Queremos muito mais do que o direito ao casamento e à adoção, diz presidente da Parada

Cláudia Garcia luta por mais inclusão da comunidade LGBTQIA+ em programas sociais, entre eles Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família

10 jun 2023 - 21h00
(atualizado em 14/6/2023 às 14h40)
"Políticas sociais para LGBT+" é o tema oficial da 27ª edição da Parada Orgulho de SP
"Políticas sociais para LGBT+" é o tema oficial da 27ª edição da Parada Orgulho de SP
Foto: Terra

Neste domingo, 11, a Avenida Paulista recebe a 27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo. O evento, considerado o maior evento do gênero do mundo, possibilita não apenas levar o orgulho às ruas, mas também colocar em pauta reivindicações necessárias para a comunidade LGBTQIA+. 

Com o tema Queremos políticas sociais para LGBT+, por inteiro e não pela metade, a Parada do Orgulho desse ano "tem como foco aqueles que continuam invisibilizados". É o que afirma Cláudia Garcia, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo (APOLGBT). 

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"Direitos como casamento e adoção entre pessoas do mesmo gênero são grandes conquistas, mas querendo ou não, abrangem pessoas com algum tipo de acesso. Na edição deste ano, "o olhar é voltado para aqueles que seguem marginalizados, sem acesso a direitos básicos", afirmou Cláudia.

Soninha Francine, Cláudia Garcia e Renato Viterbo
Foto: Terra

De acordo com André Fischer, diretor da Associação da Parada, programas do atual governo como Minha Casa, Minha Vida e Bolsa Família devem receber atenção especial no que diz respeito à garantia da inclusão de pessoas da comunidade LGBTQIA+.  

"Precisamos nos dar conta de que existe sim espaço para casais de pessoas do mesmo gênero e famílias homoparentais em programas como Minha Casa Minha Vida. Se na gestão anterior havia o receio de perder esses direitos - coisa que não aconteceu - hoje precisamos batalhar pela garantia e, principalmente, a inclusão."

Organização da Parada defende inclusão em programas do governo, como Minha Casa Minha Vida
Foto: Terra

O diretor lembra que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo pelo décimo quarto ano seguido. Segundo relatório divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2022, 131 trans e travestis foram assassinados no país. Como aponta Fischer, direitos relacionados a esta população são considerados mais urgentes pela e devem ser vistos com urgência pelo poder público.

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"Não vou dizer que o direito de gays e lésbicas estão garantidos, mas a gente sabe que existe uma assimilação maior. Justamente por isso, precisamos focar não apenas no acesso de pessoas trans e travestis a programas como Minha Casa Minha Vida, mas também a programas de saúde, terapia hormonal e afins. Enquanto comunidade, precisamos entender o que deve ser privilegiado em um determinado momento", defendeu Fischer.

Apesar da Parada do Orgulho de SP ser considerada uma grande festa, com shows e apresentações, Cláudia garante que o lado político e o potencial de reivindicação do evento seguem firmes em seu propósito.

"Muita gente diz que a Parada é 'oba-oba', bagunça, mas muitos direitos conquistados estão relacionados a nossa presença nas ruas.O uso do nome social é um exemplo. Estamos falando da maior Parada do mundo e, querendo ou não, existe um potencial enorme por trás disso."

Segundo Diego Oliveira, que também é um dos membros da diretoria da Associação da Parada do Orgulho LGBT+, o envolvimento dos movimentos sociais também é fator importante para que as reinvindicações tomem as proporções necessárias. De acordo com ele, a "virada de governo" colaborou com um engajamento maior de pessoas ativistas.

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"Os quatro anos do governo anterior foram muito cansativos. Muita gente 'jogou a toalha'. Nesse ano, a gente notou que quando teve a virada do governo, os ativistas acordaram de novo. Então, estamos percebendo uma participação maior, mais engajamento, muitos grupos e movimentos que estavam meio que 'stand by', em pausa, voltaram com tudo", opinou Diego. 

Posicionamento governo federal

De acordo com o Ministério das Cidades, desde a criação do Minha Casa Minha Vida (PMCMV), em 2009, cerca de 1,6 milhões de unidades habitacionais foram entregues às famílias de Faixa 1 (com renda bruta de até R$ 2.640), o que corresponde a aproximadamente 6,4 milhões de pessoas beneficiadas pelo Programa.

O órgão declarou, ainda, que não há um recorte específico sobre a orientação sexual e/ou gênero das pessoas beneficiárias do programa, o que impede mensurar a quantidade de pessoas LGBTQIA+ incluídas no benefício até o momento. 

O Terra também entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social para obter informações sobre a inclusão de pessoas LGBTQIA+ no programa Bolsa Família, mas não houve resposta até o momento. 

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Terra na Parada

Pelo segundo ano consecutivo, o Terra é media & business partner oficial do maior evento popular a céu aberto do mundo, a 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, reforçando o nosso compromisso com a diversidade, potencializando as vozes e as lutas pela causa.

  • Patrocínio Máster: Smirnoff
  • Patrocínio: Vivo
  • Apoio: Pantene, Amstel, Jean Paul Gaultier, L'Oréal, Mercado Livre, Accor
Fonte: Redação Terra
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