Será que você já foi homofóbico e nem percebeu?

Hoje, Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, é uma boa oportunidade para conhecer (e reconhecer) falas que são carregadas de preconceito

17 mai 2023 - 05h00
(atualizado às 11h02)
Há quem não se reconheça como homofóbico por conta da naturalização da homofobia, mas é preciso mudar
Há quem não se reconheça como homofóbico por conta da naturalização da homofobia, mas é preciso mudar
Foto: iStock

Por ser uma população historicamente marginalizada, a comunidade LGBTQIA+ ainda sente em seu cotidiano os reflexos de inúmeras violências - algumas delas naturalizadas na forma de deboches ou julgamentos equivocados. Há quem não se reconheça como homofóbico justamente por conta dessa naturalização da homofobia, por isso, é fundamental entender quais falas deveriam deixar de se reproduzidas.

Veja alguns exemplos que deveriam ser retirados do vocabulário de todas as pessoas:

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"Eu não tenho preconceito, mas…"

"Mas" é uma conjunção adversativa e após uma afirmação indica a contradição do que foi dito anteriormente. A interpretação é "Eu não sou homofóbico, mas sou sim".

"Não tenho preconceito, até tenho amigos que são gays"

O "até" aqui tem uma função parecida à do "mas" no exemplo anterior. O "até" revela preconceito por insinuar condescendência: "Olha como sou bonzinho, ATÉ tolero os meus amigos gays".

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"Não precisa sair contando para todo mundo que você é gay/lésbica"

Típica justificativa de alguém inserido em uma sociedade heteronormativa em que os relacionamentos heterossexuais são tidos como "naturais" e os outros fugiriam ao "padrão". Conta que é LGBTQIA+ quem quiser e na hora e da forma que assim desejar.

"Quando você virou gay?"

Aqui temos dois equívocos. O primeiro é a tremenda invasão de privacidade que a pergunta demonstra. O segundo é achar que a orientação sexual é uma escolha. Ninguém "vira" ou aprende a ser gay ou lésbica. 

"Ser gay, tudo bem, contanto que não dê em cima de mim!"

A ideia errônea de que a comunidade LGBTQIA+ é promíscua ainda está presente na sociedade, infelizmente. E esse tipo de discurso só contribui para reforçá-la.

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"Você é tão feminina, nem parece lésbica"

Assim como não existe um único jeito de ser/parecer mulher ou homem, não existe um jeito de ser/parecer lésbica ou gay. Colocar as pessoas em caixinhas e rotulá-las é uma forma binária e limitada de ver o ser humano, além de se basear em estereótipos pra lá de ultrapassados. Não existem padrões.

"Não precisam ficar se beijando na rua, como vou explicar isso aos meus filhos?"

A homoafetividade não deve ser considerada tabu. O que incomoda: o beijo em si ou um beijo homoafetivo? Naturalizar a existência dessas pessoas é a melhor forma de explicar às crianças a pluralidade dos afetos e relacionamentos.

"Sabe aquele(a) gay/lésbica…?"

Para que usar a orientação sexual para citar alguém? Ninguém fala "sabe aquele(a) hétero". Destacar essa característica expressa preconceito de um modo bem evidente.

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"Vocês não aceitam opiniões contrárias e ficam de mimimi"

Se uma opinião viola a liberdade de ser e viver de um grupo social, ela não é mais uma opinião, e, sim, uma discriminação - que não deve se tolerada. A comunidade LGBTQIA+ tem vivências e vulnerabilidades próprias. Uma rápida olhada nas estatíticas envolvendo expectativa de vida dessa população já é uma amostra e tanto desse cenário. Falar que é "mimimi" é relativizar sem fundamento dores históricas.

"Tudo bem ser gay, mas não precisa querer ser afeminado"

Tudo bem ser hétero, mas não precisa ser homofóbico. Muito mais coerente essa frase, certo?

"Não aceito ver uma criança com dois pais ou duas mães, temo pelo futuro dela"

Se os dois pais ou as duas mães suprirem as necessidades básicas da criança - saúde, educação, amor, segurança - o futuro dela será digno e feliz como o de qualquer outra em uma família heteronormativa.

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"Não tenho nada contra, mas..."

Sim, você tem. Repense.

O que define identidade de gênero e orientação afetiva sexual?
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Fonte: Redação Nós
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