"Hoje eu sou uma pessoa muito mais legal do que eu era e eu fico feliz porque nosso propósito na vida é crescer. Às vezes, nós temos que dar dois passinhos para trás para dar um impulso mais pra frente e realmente ser uma pessoa melhor.
Comecei minha vida artística aos 4 anos de idade. Minha mãe queria que eu fosse aquela menina 'barbiezinha' e me matriculou na aula de ginástica rítmica. Eu sempre me enxerguei como artista.
Comecei a escrever peças teatrais aos 10 anos de idade na escola. Eu sofria muito bullying no colégio e a única forma de alguém me ver e me ouvir era no palco. Eu sempre escrevia peças em shows de talentos, minhas peças sempre ficavam em primeiro lugar e aquilo pra mim era muito importante.
Fui pro Rio de Janeiro aos 20 anos estudar teatro na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL) e no Teatro Tablado. Ali eu falei: 'É isso que eu quero pra minha vida mesmo. Quero contar outras histórias, quero ser artista, quero que as pessoas parem e me enxerguem'.
Depois disso veio o BBB, aquela coisa de uma possível vilã. Se alguém tem uma opinião mais forte ou se impõe um pouco mais, já se caracteriza como uma vilã. Quando saí do programa, recebi quatro 'nãos' e já entendi que ninguém queria trabalhar comigo. Isso fez com que eu me recolhesse e pensasse: 'Ninguém quer trabalhar comigo, não posso ser atriz, não posso ser mais nada'.
Hoje eu entendo que deveria ter persistido mais, batido em mais portas.
Logo depois minha mãe faleceu eu cavei um buraco, me escondi, talvez necessário para curar as feridas, fazer uma autoreflexão e entender o que eu queria, o que eu faria da minha vida.
Na época do BBB, a Milena era de um grupo de fãs e, na verdade, ela nem estava acompanhando o programa. Ela viu o pai dela assistindo a edição de 2014 e ela gostou muito de mim, se identificou com meu perfil e passou a fazer parte de um grupo de fãs que eu tinha nas redes sociais. O amor deles era maravilhoso e hoje eu tenho mais outros três fãs que também fazem parte da minha vida.
Foi acontecendo naturalmente, nós éramos apenas amigas.
Ela foi pra Porto Alegre e nos encontramos pela primeira vez. Quando eu estava em Londres, no lockdown, a Milena foi me visitar porque sabia que era uma época delicada pra mim. Ela também perdeu a mãe com 12 anos. Nós passamos pelos mesmos perrengues e isso nos aproximou muito.
Na mesma época, ia ter um campeonato de fisiculturismo em Dubai, resolvi competir e não falei pra ninguém, só a Milena sabia. Ela me incentivou muito a participar da competição. Eu conheci um carinha do fisiculturismo que me ajudou muito no início, mas eu não acreditava que já teria um corpo para participar das competições.
Eu gostava do fisiculturismo porque eu não precisava abrir a boca, logo não corria o risco de alguém interpretar de forma errada o que eu falava, era apenas o físico. Quando cheguei lá, ganhei em primeiro lugar e consegui vários patrocinadores. Eu nunca planejo nada, sou muito espontânea.
Eu não acreditava que a Internet, que esse negócio de ser influencer, era algo que realmente valia a pena Depois desse evento, eu e Milena curtimos muito juntas, íamos nos melhores lugares, nos melhores restaurantes. A Milena acompanhou todo esse processo, que foi importante e especial pra mim.
Nosso 'reencontro' de almas, digamos assim, foi em um show. Estávamos com alguns amigos curtindo um uma homenagem ao Cazuza, na época eram vários cantores reunidos para celebrar os melhores sucessos. Nos convidaram pra assistir o show em cima do palco, aí já sabe, né? Músicas do Cazuza, assistindo uma ao lado da outra... aconteceu o primeiro beijo.
Depois de algum tempo, eu ainda me sentia incompleta com o fisiculturismo, mesmo tendo dado muito certo pra mim e feito muito sucesso. Eu queria um pouco mais. Logo depois, apareceu um outro reality show na minha vida, mas eu sai pra poder investir na minha relação com a Milena, que era o que estava me fazendo bem naquele momento.
Eu 'tô' calma, meu coração 'tá' tranquilo e hoje eu quero voltar a trabalhar como atriz. Tô emagrecendo e preparando meu corpo pra isso.
A primeira vez que participei de uma parada LGBTQIA+ foi em Madri, cerca de dez anos atrás, quando fui visitar um amigo. Foi maravilhoso, uma manifestação cultural forte e respeitada, vários artistas, todo mundo livre, se comunicando, se expondo, se aceitando de uma forma linda. Tenho muita vontade de participar da que acontece em São Paulo.
Eu acredito que temos que buscar ser leves, independente de quem esteja ao nosso lado. Atualmente, nosso plano é não ter plano.