Uma pessoa transgênero é alguém que percebe sua identidade de gênero de forma diferente do sexo de nascimento e passa a viver de acordo com essa identidade. Já os cisgêneros, se identificam com o sexo ao qual nasceram.
Viver em uma sociedade tão diversa como a nossa faz com que seja necessário ter uma discussão mais ampla sobre a diversidade de gênero. Com isso, é possível perceber uma crescente visibilidade sobre ser uma pessoa transgênero, principalmente após conquistas tão importantes como a primeira deputada federal negra e trans eleita no Brasil.
Ser trans foge da regra normativa imposta pela sociedade, o que acaba marginalizando e excluindo essas pessoas. Por esse motivo, se informar sobre esse tema, compreender termos como “trans” e “cis” e a diferença entre eles, acaba nos fazendo entender determinadas individualidades e agirmos com respeito a elas.
No Brasil, por exemplo, um país que é marcado por uma rica diversidade cultural, mas, ao mesmo tempo, é o que mais mata trans no mundo, é fundamental compreendermos não apenas as questões de gênero, mas também os desafios enfrentados pela comunidade trans.
Qual a diferença entre transgênero e cisgênero?
Você pode já ter ouvido alguém se apresentando como uma mulher cis ou sobre a letra “T” da sigla LGBTQIAPN+, mas sabe qual a diferença entre os termos “trans” e “cis”?
Esses termos são usados para descrever a identidade de gênero de uma pessoa, dessa forma, uma pessoa trans é aquela que não se identifica com o sexo biológico, ou seja, aquele que é atribuído a criança na hora do nascimento. Já uma pessoa cis, é aquela que se identifica com o sexo biológico.
Socialmente falando, ser uma pessoa cisgênero carrega privilégios, pois cumpre um padrão, o que também acaba marginalizando transgêneros. Isso pode levar a uma série de desafios para a vida de pessoas trans, como a própria aceitação, acesso a direitos básicos, como saúde e moradia e maior probabilidade de discriminação e violência, já que além da transfobia, muitas vezes estão em vulnerabilidade social.
Enquanto isso, as pessoas cisgênero geralmente não enfrentam esses desafios, não tem suas identidades de gênero questionadas.
O que é transgênero?
Conforme explica o projeto Transcendemos, o termo transgênero/trans é utilizado para se referir a uma pessoa que não se identifica com o gênero de nascimento, e em algum momento da vida, percebem que se identificam de outro modo e a partir disso, passam a viver melhor nessa relação consigo mesmos.
Qual a diferença entre transgênero e travesti?
Apesar das discussões sobre gênero terem avançado, ainda é muito comum que pessoas afirmem que uma mulher trans é uma ‘mulher operada’ enquanto a travesti uma ‘pessoa que não operou’. Esse pensamento, além de errado, é preconceituoso por considerar a cirurgia de redesignação de gênero como uma “validação social”.
Considerando a forma pejorativa com que as pessoas costumam utilizar o termo ‘travesti’, essa autodeclaração é, na verdade, um ato político e uma forma de resistência à violência.
Qual a diferença entre transgênero e transexual?
Termo usado antigamente para se referir a pessoas transgênero. Está em desuso por passar a falsa impressão de que o termo está relacionado a orientação sexual (homossexual, bissexual, etc.) e não a uma identidade de gênero.
A pluralidade de gênero é extensa e engloba diversas outras identificações além das mencionadas. É importante dizer que o termo transgênero é um termo ‘guarda-chuva’ para todas as identidades trans: homem trans, mulher trans, travesti, trans masculinos, por exemplo.
Quais são os principais desafios das pessoas transgêneros no Brasil?
Infelizmente, as pessoas trans enfrentam uma série de desafios no Brasil, que vão desde a discriminação social até obstáculos legais e de acesso a direitos básicos. Além de toda a violência que vem crescendo ao longo dos anos, a população transgênero é impactada principalmente com o desemprego e a baixa escolaridade.
O preconceito está enraizado na sociedade e passa, dessa forma, a contribuir para a marginalização dessa comunidade, não só nesse cenário, mas também na saúde, por exemplo. O acesso a esse tipo de serviço, incluindo cuidados específicos para pessoas trans, é limitado no Brasil.
Muitas vezes, as pessoas trans enfrentam dificuldades para encontrar profissionais de saúde capacitados e sensíveis às suas necessidades, além de enfrentarem barreiras financeiras para acessar procedimentos médicos relacionados à transição de gênero, como terapia hormonal e cirurgias, mas também sobre saúde mental.
Apesar de algumas conquistas, como a decisão do Supremo Tribunal Federal em 2018 que reconheceu o direito das pessoas trans de alterar seu nome e gênero nos documentos sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual, ainda há leis discriminatórias em vigor em várias áreas, incluindo o acesso a serviços públicos e direitos civis.
Mas, isso não fica somente no campo estrutural. Muitas pessoas transgênero também enfrentam rejeição por parte de suas famílias e comunidades, o que pode levar à falta de apoio emocional e financeiro e com isso, vem o estigma social, dificultando o acesso às oportunidades.
Esses desafios destacam a necessidade urgente de políticas e ações para combater a discriminação e promover a igualdade de direitos para as pessoas trans no Brasil. Isso inclui a implementação efetiva de leis antidiscriminatórias, programas de educação e sensibilização, políticas de emprego inclusivas e a expansão do acesso a serviços de saúde adequados e culturalmente sensíveis.
O Brasil é o país que mais mata transgêneros no mundo
Infelizmente o Brasil carrega o peso de ser o país que mais mata pessoas trans ao redor do mundo. Ou seja, é um país extremamente perigoso e intolerante com a diversidade de gênero.
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), o Brasil registrou 175 assassinatos de pessoas trans em 2020, representando um aumento em relação aos anos anteriores. E esse dado não é recente, o nosso país ocupa a liderança desse ranking há alguns anos, mesmo a transfobia sendo considerada um crime.
Segundo uma pesquisa realizada pela Transgender Europe que desenha o perfil da violência contra pessoas trans, 96% dos assassinatos tiveram como vítimas mulheres trans, 58% eram profissionais do sexo e em média, tinham 30 anos. Esses dados mostram a vulnerabilidade social que esse grupo se encontra e a baixa expectativa de vida.
Tudo isso mostra a necessidade de criar políticas e ações para combater a discriminação e promover a igualdade de direitos para as pessoas transgênero no Brasil, como a implementação efetiva de leis antidiscriminatórias, programas de educação e sensibilização, políticas de emprego inclusivas e a expansão do acesso a serviços de saúde adequados.
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