Pastor Felippe Valadão é indiciado por intolerância religiosa após comentários sobre religiões afro

Em 2022, o pastor se referiu aos religiosos de matriz africana de "endemoniados" e disse que "o tempo da bagunça espiritual acabou"

17 abr 2024 - 13h52
Resumo
O pastor Felippe Valadão foi indiciado na última terça-feira, 16, pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) após fazer comentários preconceituosos sobre religiões de matriz africana durante um evento em Itaboraí, no Rio de Janeiro.
"Se prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade", disse Felippe Valadão em evento da cidade de Itaboraí
"Se prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade", disse Felippe Valadão em evento da cidade de Itaboraí
Foto: Reprodução: Instagram/felippevaladao

O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, vai responder pelo crime de intolerância religiosa após fazer comentários preconceituosos sobre religiões de matriz africana em um evento de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Ele foi indiciado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) na última terça-feira, 16. A informação foi publicada pelo g1 e confirmada pela Polícia Civil do RJ ao Terra NÓS.

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Em maio de 2022, quando a cidade de Itaboraí completava 189 anos, artistas gospel se apresentaram no evento. Em determinado momento, Felippe Valadão subiu ao palco para fazer um discurso.

"De ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua! A igreja está de pé", afirmou.

"E ainda digo mais: se prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade", continuou.

Na época, o vídeo ganhou repercussão nas redes sociais e pessoas de religiões afro criticaram as falas do pastor. A gravação, então, passou a ser investigada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que informou ao Terra NÓS que "o inquérito foi concluído e o caso encaminhado ao Ministério Público".

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Depoimento

Felippe Valadão deu o seu depoimento à polícia durante as investigações e disse que a equipe do evento encontrou "trabalhos" de religiões de matriz africana. Ele contou que se sentiu constrangido com a situação, porque, no único dia do evento, isso aconteceu.

O pastor disse à Decradi que "proferiu palavras em defesa da própria fé, acreditando que pessoas de outras religiões poderiam se converter à fé cristã", de acordo com o g1. Ele também afirmou que "jamais incitou a violência contra centros ou pessoas de religiões de matriz africana".

O Terra NÓS entrou em contato com o pastor Felippe Valadão. O espaço segue aberto caso decisa se manifestar.

Crime

O governo Lula aumentou a pena para quem praticar intolerância religiosa no Brasil. A Lei 14.532, que equipara os crimes de racismo e injúria racial, prevê uma pena de 2 a 5 anos e multa para aqueles que "obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas". 

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Fonte: Redação Nós
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