Pedro Neschling: "As pessoas têm tendência de achar que PcDs são incapazes. Isso é problemático"

O ator de 41 anos, intérprete do personagem Eriberto em "Renascer", foi diagnosticado com deficiência auditiva aos 18

26 jan 2024 - 12h14
"A gente vive em uma sociedade que tem muito preconceito com as pessoas com deficiência", disse Pedro Neschling
"A gente vive em uma sociedade que tem muito preconceito com as pessoas com deficiência", disse Pedro Neschling
Foto: Reprodução: Instagram/pedroneschling

O ator Pedro Neschling, de 41 anos, intérprete do personagem Eriberto em "Renascer", novela da TV Globo, foi diagnosticado com deficiência auditiva aos 18 anos de idade e recentemente destacou a importância de falar sobre a condição para minimizar os preconceitos.

"A gente vive em uma sociedade que tem muito preconceito com as pessoas com deficiência. Elas têm a tendência de achar que elas estão incapazes. Isso é muito problemático", disse à Quem.

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O objetivo de Pedro é normalizar a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. "Entender que não somos nós, pessoas com deficiência, que temos que nos adaptar à sociedade. A sociedade que tem que nos acolher e nos receber com as nossas características, com as nossas condições, que são todas muito diferentes uma da outra", afirmou.

Segundo o ator, a deficiência de cada pessoa é singular. "Mesmo dentro das pessoas com deficiência auditiva, são muitos tipos de surdez", explicou.

"Para mim, é um alívio até poder falar sobre isso. A gente quer positivamente que as pessoas se aceitem e conversem com seus familiares. E muitas vezes não querem se aceitar, não querem aceitar suas condições, não querem, às vezes, fazer uma audiometria para descobrir se tem ou não uma perda. Mas é muito importante falar, porque só falando que a gente compreende, elabora e evolui", finalizou.

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Aparelho auditivo

Em dezembro do ano passado, o ator disse em entrevista que trabalhou até 2014 sem utilizar o aparelho auditivo. "É difícil explicar para quem escuta o quanto ele é fundamental para a minha qualidade de vida. Hoje, penso: 'Meu Deus! Sou deficiente auditivo mesmo. Como tive uma carreira tanto tempo?' [...] Tem sons que não escuto. É uma perda moderada para severa", disse ao jornal O Globo.

Segundo Pedro, muitas pessoas não acreditam em sua deficiência. "Olham e pensam: 'Ator, bonito, bem-sucedido, casado, tem uma filha. Como pode ser deficiente?'. É a imagem depreciativa da deficiência, o capacitismo, a coisa do 'parece que está surdo'. Tem gente que está surda mesmo. E, mesmo que não esteja, não tem graça, sabe?", contou.

"Às vezes, vou pedir algo e tenho que pedir para repetirem uma, duas vezes para conseguir ouvir a resposta. Na terceira, digo: 'Desculpe, é que sou surdo'. Levam um susto. Mas sinto uma mudança depois da pandemia, no sentido de as pessoas estarem mais empáticas e abertas", revelou.

Pedro Neschling ainda disse que demorou a usar o aparelho auditivo porque tinha preconceito. "No momento em que passei a ter esse recurso [do aparelho], entendi a dimensão do meu problema. E aí mudou a minha forma de lidar com isso em relação ao mundo. Compreendi como era importante falar sobre para entenderem que não é o fim do mundo", afirmou.

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Fonte: Redação Nós
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