Dyegho Henrique Almeida da Silva, o soldado da Polícia Militar (PM-PR) que matou a ex-esposa a tiros enquanto ela dirigia em uma rua de Curitiba, tinha feito um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre violência doméstica. Em seu trabalho para o curso técnico em segurança pública, o soldado falou sobre o atendimento de crimes de violência doméstica e o aumento da violência.
Dyego apresentou o TCC em junho de 2021 para o curso de tecnólogo em segurança pública, desenvolvido pela Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (SEGEN) em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR). De acordo com o arquivo que o G1 teve acesso, ele foi aprovado com conceito B.
Nas considerações finais de seu trabalho, o soldado afirmou que os casos de feminicídio aumentam por uma "inércia dos órgãos". “[...] Não basta apenas alegar que não localizou a vítima, é envidar esforços para aquela mulher que por vezes tem medo de denunciar e o vizinho que aciona a PM [...] diversos casos de feminicídio ocorrem e só aumentam por uma inércia dos órgãos que deveriam atuar nesse combate”.
Dyego ainda disse que a Polícia Militar tinha que “analisar os déficits no atendimento, seja no registro de ocorrência ou da equipe que se desloca até o endereço, a fim de localizar uma maneira mais efetiva de atender a sociedade”.
O soldado matou sua ex-esposa, a enfermeira Franciele Cordeiro, na terça-feira (13), dois dias depois dela ter formalizado um Boletim de Ocorrência (B.O.) contra Dyegho por ameaça. De acordo com a polícia, Dyego atirou contra o carro da vítima diversas vezes. Após isso, ele entrou no carro e impediu a aproximação das equipes de socorro. Dyego cometeu suicídio após quatro horas de negociação para se entregar.