A Polícia Civil investiga se o anestesista preso por estuprar uma grávida durante a cesariana, Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, também estuprou outras duas gestantes que tiveram os bebês no dia do flagrante. A informação é do Jornal Nacional.
O profissional foi preso em flagrante após ser gravado em um vídeo pela equipe de enfermagem, que já desconfiava das ações praticadas por ele e conseguiu flagrar o crime com um celular escondido.
A prisão ocorreu neste domingo, 10, ainda no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde tinha acabado de estuprar uma vítima, logo após ela ter o bebê.
Após o flagrante, o anestesista também passou a ser investigado pelo estupro de outras duas grávidas que fizeram partos ainda no domingo, no mesmo hospital.
De acordo com o Jornal Nacional, na primeira cirurgia, uma das funcionárias percebeu uma atitude estranha de Giovanni, que, logo após a saída do acompanhante da paciente, usou um capote para fazer uma cabana que impedia que alguém visse a mulher do pescoço para cima.
Já na segunda cirurgia, o anestesista também se posicionou de uma forma que impedia qualquer pessoa de ver a paciente do pescoço para cima.
Registro de ocorrência
Nesta segunda, 11, uma mulher de 23 anos que estava grávida de gêmeos e perdeu um dos filhos no parto, no início do mês, registrou boletim na delegacia de São João de Meriti. A mãe da jovem relatou à TV Globo que Giovanni era o anestesista e que estranhou quando a filha voltou para o quarto sonolenta demais.
“Minha filha, quando veio para o quarto para eu receber ela, para ficar de acompanhante, infelizmente ela estava com várias casquinhas secas no rosto, perto do ouvido e do rosto, e que, assim, parecendo que estava um troço brilhoso, colante”, contou ela em entrevista ao Jornal Nacional.
Já o marido relatou que não pôde acompanhar o parto porque o médico não deixou. “Mandou eu sair na metade, não tinha visto nem a criança e minha esposa já tinha dormido. Muita raiva, muita raiva. A gente está ali confiando nos médicos e acaba acontecendo uma coisa dessas", disse o homem.
Giovanni Bezerra foi indiciado por estupro de vulnerável. Para a delegada Barbara Lomba, que conduz o caso, o ocorrido causa "muita repugnância pelo agressor ser um profissional de saúde, de uma responsabilidade muito grande dentro de um procedimento cirúrgico".
Uma das vítima relatou à TV Globo que está revoltada com tudo que aconteceu. “A gente está achando que está protegida, em um momento difícil que está passando, com dor, e a pessoa se aproveitar de um momento desse é indignante”, disse.
Médico atuava como anestesista desde abril
Conforme divulgado pelo Estadão, Giovanni Quintella Bezerra concluiu a especialização em anestesia apenas recentemente e gostava de se fotografar em ambientes hospitalares. "Vocês vão ouvir falar muito de mim", escreveu em uma postagem.
O médico se formou no Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa), na região sul do Estado do Rio, em 2017. A especialização em anestesia foi concluída este ano, no mês de abril. Não há muitas informações sobre sua produção acadêmica, uma vez que seu currículo na plataforma lattes não é atualizado há dez anos.
Giovanni Bezerra gostava de publicar fotos com sua rotina médica no Instagram - o perfil, porém, foi fechado após sua prisão. Diversas fotos dele que foram divulgadas nesta segunda nas redes sociais mostram o médico com uniformes de hospitais, daqueles que se usam em salas cirúrgicas. Em uma delas, escreveu: "Em frente, vou ganhando meu espaço na profissão que escolhi fazer a diferença".
Ao receber voz de prisão, o anestesista declarou que não sabia o que estava acontecendo. Ao ser informado pela delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, que ele havia sido filmado praticando o abuso, Giovanni Quintella Bezerra se calou.
As imagens mostram o anestesista ao lado da paciente, que está dopada. Enquanto a equipe cirúrgica se prepara para começar a cesariana, Quintella tira o pênis da calça e o coloca na boca da grávida.
O advogado Hugo Novais, que defende Quintella, disse em nota que a defesa ainda não obteve acesso à íntegra dos depoimentos e dos elementos de prova no auto de prisão em flagrante.
"A defesa alega que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informa também que após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação realizada em desfavor do anestesista Giovanni Quintella."