Seis policiais suíços compareceram ao tribunal nesta segunda-feira acusados pela morte de um homem negro que sofreu um ataque cardíaco fatal depois de ser imobilizado durante uma prisão, em um caso que um advogado comparou com a morte de George Floyd nos Estados Unidos.
Os policiais, todos brancos, são acusados de "homicídio por negligência" pela morte de Mike Ben Peter, um nigeriano de 39 anos, em Lausanne, em 2018.
O juiz abriu o julgamento dizendo que era um "caso doloroso" e pedindo às pessoas que assistiam ao processo, incluindo a viúva e o irmão de Ben Peter, que mantivessem a calma.
Simon Ntah, o advogado da família da vítima, disse ao tribunal que era um "insulto à inteligência" considerar a morte um acidente.
Ele disse que a posição em que Ben Peter foi mantido é comparável à de George Floyd e "acabou provocando um ataque cardíaco".
A advogada de defesa Juliette Perrin rejeitou a comparação com o caso de Floyd. "Não é a mesma coisa", disse.
Dois advogados de defesa questionaram a confiabilidade das testemunhas que descreveram a prisão, dizendo que um deles era míope e viu o evento de uma varanda alta. "Estas não são testemunhas confiáveis", disse a advogada Odile Pelet.
De acordo com a acusação, os policiais abordaram Ben Peter pela primeira vez durante uma patrulha antidrogas depois que ele pegou uma sacola que mais tarde continha maconha.
A acusação disse que Ben Peter não atendeu aos pedidos da polícia e os policiais usaram spray de pimenta e chutes nas costelas e na virilha para derrubá-lo no chão e algemá-lo.
Segundo testemunhas, ele continuou a lutar enquanto era mantido de bruços por vários policiais por três minutos, até que notaram que ele parecia inconsciente.
Ben Peter foi posteriormente declarado morto após um ataque cardíaco com múltiplas causas, disse a acusação, incluindo o fato de que ele foi segurado de bruços e submetido a estresse, mas também à obesidade.
Cada um dos policiais enfrenta uma sentença máxima de três anos de prisão se for condenado. As leis suíças de privacidade significam que eles não podem ser nomeados nesta fase do processo.
Um grupo de especialistas da ONU disse no ano passado que havia racismo sistêmico na Suíça em um relatório que levantou sérias preocupações sobre o "uso excessivo da força e a expectativa de impunidade por parte da polícia" e citou este caso.