Povos da Amazônia devem ser priorizados para que haja desenvolvimento, afirma líder indígena

Vanda Witoto participou de evento sobre propostas para o desenvolvimento sustentável na região

26 out 2022 - 16h18
(atualizado às 17h08)
Seminário marcou o lançamento do documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias”
Seminário marcou o lançamento do documento “100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias”
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

A falta de perspectivas e o abandono do Estado fazem com que diferentes povos da Amazônia sejam excluídos do debate sobre a região e não compreendam a importância da sua preservação. Segundo a líder indígena do povo Witoto, Vanda Witoto, políticas públicas devem priorizar dar condições de vida básicas para os que vivem na Amazônia e conversar com aqueles que, não necessariamente, compactuam com a pauta ambiental.

A fala ocorreu durante o Fórum Estadão Think "Amazônia é a solução", realizado em parceria do Estadão com a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), onde o documento "100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias", uma iniciativa da rede Uma Concertação Pela Amazônia, foi lançado com propostas para a região.

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"Nós semeamos há muito tempo para estar aqui. Para que essa voz saísse de dentro da floresta, foi semeada uma raiz muito profunda lá atrás. São 522 anos de não escuta", afirmou Witoto, que é técnica em enfermagem. Ela foi candidata à deputada federal pelo Amazonas este ano e não se elegeu.

"Eu acredito que a gente está falando muito para quem já sonha com isso. Nós precisamos falar para aqueles que não sonham com isso, que estão no poder, e que não abraçam isso". Ela justificou sua posição mencionando as eleições para o Congresso, que este ano elegeu grande parte de seus membros em uma plataforma contra o desenvolvimento sustentável.

Segundo ela, propostas para a região devem compreender as necessidades dos povos que lá vivem e trabalhar para trazer condições básicas, como saneamento, educação e segurança. "O mundo ainda nos olha por satélites e não consegue enxergar nossas vidas", afirmou.

"Se a gente não levar educação para a Amazônia, para ela entender o seu voto, não teremos mudanças políticas, não teremos representantes que possam defender isso que estamos acreditando. Porque a miséria, a fome, não permite as pessoas pensarem em tudo que está sendo proposto aqui", completou.

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