Durante uma audiência pública da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), foram debatidas a criação de uma universidade indígena e políticas educacionais voltadas para os povos originários.
Rosilene Tuxá, coordenadora-geral de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação (MEC), anunciou que o ministro Camilo Santana determinou a constituição de um grupo de trabalho para a elaboração de um relatório técnico sobre a criação da instituição indígena. O grupo de trabalho responsável deverá apresentar, em 60 dias, uma proposta que passará por consulta pública junto às comunidades indígenas.
"É importante que os professores indígenas participem desse processo de construção. Precisa ser um processo de construção coletiva, porque nós, povos indígenas, precisamos dizer que universidade nós queremos, qual é a nossa necessidade, qual é o nosso desafio com essa universidade", disse Tuxá, durante sessão da Câmara.
O representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Alberto Terena, declarou que os povos indígenas estão plenamente preparados para a criação de uma universidade nos moldes de seus costumes e tradições: "Hoje, nós temos professores, nós temos mestres e nós temos doutores indígenas", exemplificou.
O coordenador do Fórum Nacional da Educação Escolar Indígena, Gersen Baniwa, defendeu que, na sociedade complexa atual, a educação escolar é fundamental para o futuro indígena. Gerson ainda ressaltou a importância de compreender o mundo do ponto de vista político, cultural, intelectual, científico, técnico e tecnológico que a educação pode oferecer.
Racismo contra indígenas
De acordo com a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta Andrade, o Brasil conta com aproximadamente 60 mil estudantes indígenas no ensino superior. No entanto, as instituições não estão preparadas para receber indígenas porque "o racismo é muito forte".
"Nós precisamos, sim, avançar na discussão da universidade indígena. Não queremos uma universidade para nos separarmos, nos apartarmos dos outros povos que não são indígenas; nós queremos, sim, fortalecer os conhecimentos indígenas, e as universidades, como elas são desenhadas, organizadas hoje, não vão respeitar os nossos conhecimentos da forma como deveriam", explicou, concluindo as falas.
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