Prefeito diz que enchentes no RS ocorrem pelo Estado ter poucas igrejas e muitos centros

Valdemar Baraúna da Rocha, prefeito de município de SC, questiona se a catástrofe não seria 'um chamado de Deus' para que o povo gaúcho assuma 'responsabilidade'; procurada, prefeitura não se manifestou

27 mai 2024 - 15h20
(atualizado às 16h10)
Rocha também deu a entender que o Rio Grande do Sul possui mais "centros", indicando se tratar de religiões de matriz africana
Rocha também deu a entender que o Rio Grande do Sul possui mais "centros", indicando se tratar de religiões de matriz africana
Foto: Reprodução: Instagram/prefeituradebbs

O prefeito de Balneário Barra do Sul (SC), município localizado no norte do litoral catarinense, Valdemar Baraúna da Rocha (PP), sugeriu uma correlação entre as enchentes do Rio Grande do Sul e o suposto dado estatístico, mencionado por ele, de que o Estado gaúcho tem menos igrejas do que o restante do País.

Na declaração, dada no último dia 16, em entrevista à rádio local FM Litoral, Rocha também deu a entender que o Rio Grande do Sul possui mais "centros", indicando se tratar de religiões de matriz africana, o que, segundo ele, "não agrada aos olhos de Deus".

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"O que está acontecendo lá no Rio Grande do Sul? É aquela enchente. Mas aí nós fomos ver uma estatística, e é o Estado que menos tem igreja. E lá é centro de, de, de…", disse o prefeito, sendo interrompido pelo entrevistador. "Sim, sim, sim, ok", concordou o radialista. O prefeito catarinense prosseguiu: "Que não agrada aos olhos de Deus. Será que Deus não está chamando eles a uma responsabilidade?", questionou. Ele complementou o raciocínio dizendo que agora ninguém entende por que a catástrofe está ocorrendo, mas que "lá na frente vamos entender o porquê aconteceu".

A declaração, dada ao final da entrevista, foi seguida de uma oração feita pelo prefeito, que é evangélico. A prefeitura catarinense foi procurada pelo Estadão, mas não comentou o caso.

Rocha também citou um carnaval em que a imagem de Jesus foi "arrastada pelo asfalto", o que, segundo ele, teria relação com fatos que acometem o País, como a catástrofe no Rio Grande do Sul. O prefeito se referiu à encenação da comissão de frente da Gaviões da Fiel, em 2019, em que atores representaram o diabo e Jesus, que foi derrotado.

"Se você analisar, depois daquele carnaval que pegaram Jesus e andaram arrastando naquele asfalto: qual a situação do nosso Brasil hoje? É para nós refletirmos", disse o prefeito.

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A declaração provocou repercussão nas redes sociais. Embora o prefeito não tenha perfil no Instagram nem no X (antigo Twitter), internautas procuraram o perfil oficial da prefeitura para demonstrar insatisfação com as declarações. "Prefeito preso. Vice-prefeito assume e quer culpar a fé do gaúchos como causadora da tragédia. Balneário Barra do Sul merece coisa melhor", escreveu um usuário, enquanto outros questionaram se para a cidade ser notada é preciso que Rocha dê declarações desse tipo.

Rocha compôs como vice-prefeito a chapa vitoriosa nas eleições de 2020, encabeçada por Antônio Rodrigues, também do PP. Rodrigues foi preso por fraudes em licitações públicas na Operação Mensageiro, apelidada de "Lava Jato de Santa Catarina", e afastado do cargo de prefeito pela Câmara Municipal. Desde junho de 2023, Rocha assumiu o comando da cidade catarinense.

A tragédia climática no Estado gaúcho, que se estende desde o fim de abril, já deixou ao menos 169 pessoas mortas e 469 municípios afetados.

Prefeito em SC associa enchentes no RS à suposta falta de igrejas: 'Não agrada aos olhos de Deus'
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