O presidente da França, Emmanuel Macron, 46 anos, agradeceu a francesa Gisèle Pelicot por sua "coragem" e disse que ela é "uma pioneira para as mulheres". O ex-marido de Gisèle, Dominique Pelicot, foi condenado a 20 anos de prisão por estupro. Ele dopava Gisèle e recrutava estranhos para estuprá-la.
"Obrigada, Gisèle Pélicot. Por esta palavra de justiça, em nome da qual você enfrentou a provocação de cabeça erguida", escreveu Macron na rede social X, nesta sexta-feira, 20. "Pelas mulheres, que agora têm para sempre uma guia para falar e lutar. Por todos nós, pois sua dignidade e coragem comoveram e inspiraram a França e o mundo", afirmou.
Merci Gisèle Pélicot.
Pour ce mot de justice au nom duquel vous avez affronté l’épreuve tête haute.
Pour les femmes, qui ont pour toujours une éclaireuse pour parler et lutter.
Pour nous tous, car votre dignité et votre courage ont ému et inspiré la France et le monde. pic.twitter.com/6203dON8t4
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) December 20, 2024
Gisèle Pelicot se tornou um símbolo da luta feminista ao longo do processo contra o atual ex-marido e os 50 co-réus também condenados. Gisèle, inclusive, recusou que o julgamento ocorresse de portas fechadas e a sua defesa lutou para que os vídeos dos abusos fossem mostrados durante o julgamento, argumentando que a visibilidade pública era crucial em sua luta contra a violência sexual.
Dominique e Gisèle foram casados por cerca de 50 anos. Desde o início do julgamento, ele confessou ter dopado a então esposa para que outros homens a estuprassem. Os crimes ocorreram entre 2011 e 2020. Ele recrutava os homens através da internet.
Durante o julgamento, diversos manifestantes se reuniram no tribunal penal de Avignon, no sudeste da França, para protestar em apoio a Gisèle, que foi aplaudida por apoiadores e ativistas.
Caso Gisèle Pelicot
O caso de Gisèle Pelicot veio à tona após Dominique Pelicot ser flagrado filmando por baixo das saias de mulheres em um supermercado. A partir dessa denúncia, a investigação revelou outros crimes, incluindo a compra de 450 comprimidos para dormir em um ano e a prática de dopar a esposa para que outros homens a estuprassem.
Dominique dava instruções específicas aos abusadores, como evitar o uso de perfume, aquecer as mãos com água quente e tirar a roupa na cozinha para não deixar vestígios no quarto. Embora alguns acusados tenham alegado consentimento, Dominique confirmou que todos estavam cientes de que Gisèle estava inconsciente e incapaz de consentir.
As autoridades contabilizaram 92 estupros desde 2011, a maioria ocorrida após o casal se mudar para Manzan, em 2013, até 2020. Durante a investigação, também foram encontradas fotos da filha de Dominique, Caroline, sem roupas, levantando suspeitas de outros crimes contra ela.