A família de Lívia Gabriele da Silva Matos entregou à polícia, nesta quinta-feira, 8, um prontuário médico que confirma uma lesão de cinco centímetros sofrida pela jovem após relação sexual com o jogador da base do Corinthians, Dimas Cândido de Oliveira Filho, de 18 anos. O prontuário, assim como o celular da jovem de 19 anos, foi entregue pelo pai de Lívia para ajudar nas investigações do caso.
As informações foram dadas pelo advogado Alfredo Pocer, que representa a família da vítima e foi ouvido por jornalistas do lado de fora da 5ª Delegacia da Mulher, na Zona Leste de São Paulo. Ele reforçou, no entanto, que a confirmação da lesão por si só não é capaz de esclarecer se houve violência no caso.
"É uma questão médica. Nenhum de nós aqui temos condição de analisar isso", disse. "É a vida de uma jovem que se foi e a liberdade de um jovem atleta que está comprometida. Então, a gente tem que ter cuidado para nesse momento acusar alguém de um crime. Nós estamos diante de uma morte suspeita, que está sendo investigada", frisou posteriormente.
Pocer afirmou ainda que outros laudos complementares estão sendo juntados a esse e serão analisados pela polícia.
Sobre questões paralelas, como a suposta demora do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) ou empecilhos que os agentes de saúde encontraram na portaria do condomínio, não são o cerne do caso, disse o advogado.
"O que se deve investigar é de que forma se deu essa lesão. O mais importante é saber o que aconteceu, a forma que aconteceu. Se houve violência ou não, se a lesão foi espontânea, o objeto da investigação é esse", considerou Pocer.
Relembre o caso
Lívia Gabriele, de 19 anos, morreu na noite do dia 30 de janeiro, após dar entrada no Hospital Municipal de Taubaté. De acordo com a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP), policiais militares foram acionados para comparecerem ao local, onde receberam a informação de que ela estava na casa do jogador quando passou mal e desmaiou.
Ela estava com o atacante quando desmaiou e precisou de socorro, que foi acionado por ele. Lívia teve quatro paradas cardíacas e não resistiu. Na noite de domingo, 4, o Fantástico exibiu as mensagens trocadas entre a jovem e o jogador antes do encontro que virou tragédia.
Dimas contou que conheceu Lívia em uma rede social e, desde o dia 17 de janeiro deste ano, passaram a trocar mensagens de texto e de áudio quase diariamente. Segundo a reportagem, os primeiros diálogos são de dois jovens que estão se conhecendo e que queriam se encontrar pessoalmente.
No dia 30 de janeiro, dia da morte da jovem, Dimas tinha uma passagem comprada para João Pessoa, na Paraíba, onde nasceu e ia passar as férias. A viagem estava marcada para as 23h15. Eles então marcaram de se encontrar às 18h daquele dia, no apartamento onde ele estava, no Tatuapé.
"Vou falar com a minha mãe. Ela vai deixar esse horário sim", disse Lívia em áudio para Dimas. Nesse primeiro encontro, eles falavam sobre relação sexual. "Eu não gosto de transar sem camisinha", escreveu ele. Ela respondeu que "também não".
Antes do horário marcado com o jogador, ela enviou outra mensagem: "Tô pronta, quer que eu vá agora ou daqui a pouco?". Ele responde: "Daqui a pouco". Às 18h06, ela avisou Dimas: "Tô chegando, amor". Essa foi a última mensagem enviada pela jovem ao jogador.
Ainda conforme a reportagem, Dimas contou à Polícia que os dois não usaram drogas nem ingeriram bebidas alcoólicas. Segundo ele, os dois tiveram uma primeira relação sexual com uso de camisinha. Depois de descansarem e conversarem, os dois foram ter uma segunda relação sexual e ele percebeu que ela desmaiou no ato.
O jogador então ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi orientado a colocá-la de barriga para cima e massagear o peito dela até a chegada da ambulância. Nesse momento, ele disse que viu um sangramento nas partes íntimas.
Na unidade de saúde, foi constatado que a jovem teve um sangramento na genitália, provocado por uma fissura de aproximadamente cinco centímetros. O corpo dela foi encaminhado para o IML para exames necroscópicos, toxicológicos e sexológicos, que ajudarão na elucidação do caso. O atestado de óbito diz que a causa da morte foi a ruptura de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda.
Em entrevista à emissora, o advogado de Dimas, Tiago Lenoir, disse que o jogador prestou auxílio à jovem e não praticou nenhum crime. "Ele está muito abalado, muito chateado com toda a situação e está se recuperando. O Dimas respeita o sofrimento da família", afirmou.
Em nota, o Sport Club Corinthians Paulista informou que acompanha proximamente os desdobramentos dos fatos relacionados ao episódio envolvendo um de seus atletas da base, além de reforçar que o clube aguarda a investigação dos fatos e está à disposição para colaborar com as autoridades. "Acima de tudo, o Corinthians lamenta profundamente a morte da jovem e se solidariza à sua família".