O movimento negro é fundamental na luta antirracista no Brasil e no mundo, tendo surgido como resposta à injustiça e opressão desde a escravidão. Ao longo do tempo, luta-se por direitos, igualdade e justiça social, tendo conquistado avanços como o abolicionismo e as políticas afirmativas.
A luta antirracista tem ganhado força e visibilidade ao longo dos anos, mas você já parou para pensar como tudo isso começou? O que enxergamos hoje como avanços na luta, e na busca por transformar a realidade de pessoas negras espalhadas por todo o Brasil, só foi possível pelo que chamamos de movimento negro.
Esse movimento nasceu com o objetivo de lutar por direitos e igualdade, sendo também uma resposta à injustiça, opressão, ao racismo e à segregação, que faz parte do contexto brasileiro desde o período da escravidão.
De lá para cá, conquistas foram alcançadas, como: o abolicionismo, a participação na construção da Constituição de 1988, a criminalização do racismo e, até mesmo, as políticas afirmativas, como as cotas, que são um grande passo rumo a uma sociedade mais igualitária.
Ao mergulharmos nas histórias, nas vozes e na trajetória do movimento negro, compreendemos um pouco mais sobre a construção do Brasil, mas principalmente: entendemos como se deu a organização desses grupos e como ao longo da história foram e seguem sendo fundamentais para a garantia dos direitos raciais, tanto nesse país, como ao redor do mundo.
Como o movimento negro nasceu no Brasil?
É impossível falar sobre a origem do movimento negro sem citar o período de luta pela abolição da escravatura, que só ocorreu em 1888. Nesse contexto, muitos negros e negras foram sequestrados em território africano, sendo trazidos para serem escravizados, sendo vítimas de uma violência cruel, da falta de direitos e do trabalho forçado.
Para mudar esse cenário, muitos fugiam e se organizavam em territórios seguros, que eram chamados de quilombos, como o Quilombo dos Palmares, por exemplo, comandando por uma das maiores referências do movimento negro, Zumbi dos Palmares.
Lá se uniam e conseguiam resistir à luta colonial, sendo uma ferramenta muito poderosa para a abolição. Com o crescimento desse movimento, outros nomes foram sendo conhecidos, como Luiz Gama, o primeiro advogado negro do Brasil e o escritor José do Patrocínio, alguns dos nomes responsáveis pela libertação de centenas de escravizados e pela assinatura da Lei Áurea.
Inspirado nesse cenário, ao longo do último século, o movimento negro passou a ser mais organizado e ganhou força quando intelectuais negros, líderes comunitários e ativistas políticos começaram a se articular por direitos civis, igualdade racial e justiça social.
Ainda na década de 30, ficou conhecido o que chamamos de Frente Negra Brasileira, um partido político, e também a Imprensa Negra Paulista, responsável pela publicação de periódicos em tom de denúncia sobre o racismo e os desafios pós-abolição.
Outra organização muito importante durante esse processo foi o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento, que atuava dentro do campo artístico-político e o Movimento Negro Unificado (MNU), uma das maiores organizações que segue atuante até hoje.
Quais são as maiores referências do movimento negro?
Reconhecer quem veio antes e lutou para que a realidade atual fosse mais justa é um dos propósitos desse movimento. Por isso, conhecer nomes importantes para a luta negra e quais foram os seus principais feitos muitas vezes trazem visibilidade para figuras que não estão nos livros de história:
- Abdias do Nascimento: foi um dos fundadores do Teatro Experimental do Negro e ativista pelos direitos civis e contra o racismo.
- Carolina Maria de Jesus: foi uma escritora brasileira, conhecida por seu livro “Quarto de Despejo”, onde retrata a vida na favela e a sua realidade.
- Luiz Gama: foi um abolicionista, o primeiro advogado negro e jornalista, conhecido por sua atuação na defesa dos direitos dos negros escravizados.
- Lélia Gonzalez: foi uma intelectual, antropóloga e feminista negra brasileira, importante voz na luta contra o racismo e do feminismo negro.
- Marielle Franco: foi uma vereadora do Rio de Janeiro e ativista pelos direitos humanos, foi brutalmente assassinada em 2018.
- Milton Santos: foi um geógrafo brasileiro conhecido por suas contribuições para a compreensão das questões raciais e sociais no Brasil, bem como o racismo ambiental e territorial.
- Sueli Carneiro: fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, intelectual e ativista na luta contra o racismo e o sexismo no Brasil.
- Benedita da Silva: foi a primeira governadora negra do Estado do Rio de Janeiro, além de ter sido deputada e senadora.
- Antonieta de Barros: primeira mulher negra a ser eleita para um cargo legislativo no Brasil, professora e pioneira na luta pelos direitos das mulheres e dos afro-brasileiros.
- Beatriz Nascimento: intelectual, ativista e pesquisadora brasileira, conhecida por seu trabalho pela promoção da história e cultura afro-brasileira.
Quais são os principais objetivos e conquistas do movimento negro?
Um dos principais objetivos do movimento negro, sem dúvida, é o combate ao racismo em todas as suas formas, sejam elas estruturais, institucionais ou recreativas. Isso envolve conscientização, educação e a promoção de políticas públicas que combatam a discriminação racial e a desigualdade. Além disso, ademais da luta antirracista, esse movimento visa valorizar a cultura afro-brasileira, a história e a contribuição negra para a música, religião, arte, política, por exemplo.
E seguindo por esse caminho, a busca por uma representatividade maior em todos os espaços, sejam eles sociais, políticos, econômicos ou culturais, por meio da implementação de políticas de ação afirmativa, como a Lei de Cotas, e o fortalecimento de lideranças negras em todos os setores da sociedade.
Toda essa luta fez com que avanços fossem possíveis para a população negra brasileira, como a criação da Lei 10.639, que obriga o ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas, as políticas de acesso ao ensino superior e o reconhecimento do racismo como crime inafiançável, por exemplo.
Resumidamente, o movimento negro luta por igualdade e justiça, transformando a realidade e construindo uma sociedade mais inclusiva e igualitária para todos. Suas conquistas são resultados de anos de luta e resistência e seguem vivas até hoje, fazendo a diferença para as novas gerações.
Qual a importância do movimento negro para a luta antirracista na atualidade?
Na busca por uma sociedade com igualdade racial e justiça social, o movimento negro segue sendo um dos principais pilares da luta antirracista, sendo essencial na conscientização, mobilização e transformação social em prol desse objetivo.
Um dos maiores exemplos é a denúncia e combate à violência policial contra a população negra, bem como na luta contra o genocídio da juventude negra. Isso inclui campanhas por políticas de segurança pública que respeitem os direitos humanos e que não discriminem com base na cor da pele, além de iniciativas de conscientização sobre o impacto do racismo na segurança e na vida das pessoas negras.
Além disso, o movimento negro tem sido fundamental na promoção da representatividade e diversidade. Ao longo do tempo, mais artistas, intelectuais e líderes políticos negros têm ganhado visibilidade e espaço nos meios de comunicação e nas instituições. Isso é necessário para que as próximas gerações, possam se ver representadas e valorizadas em todos os aspectos da vida social e cultural.
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