Qual o peso da maternidade na vida de uma atleta?

Podcast do Papo de Mina discute como a decisão de ser mãe impacta a carreira das mulheres no esporte

2 mai 2022 - 05h00

Qual o momento certo para ser mãe? Certamente muitas mulheres já fizeram essa pergunta - e possivelmente saíram sem resposta. A necessidade de conciliar questões financeiras, idade ideal (considerando o envelhecimento de óvulos) e carreira, por exemplo, impactam diretamente na decisão, e refletem no fato de 62% das brasileiras das classes A, B e C já terem tido ao menos uma gravidez não planejada, segundo pesquisa realizada em 2021 pela Bayer, em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e conduzida pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria).

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E quando falamos sobre mulheres atletas, que dependem de seus corpos para alcançarem o melhor rendimento? A maternidade ganha ainda mais peso, e as obriga a planejar a decisão de ser mãe levando em conta um fator importantíssimo: a possível aposentadoria.

Fabiana Murer engravidou um ano após se despedir das pistas de atletismo
Fabiana Murer engravidou um ano após se despedir das pistas de atletismo
Foto: Reprodução/Instagram

Com a proximidade do Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, 8 de maio, o episódio do Podcast do Papo de Mina de hoje discute como discute como a decisão de ser mãe impacta a carreira das mulheres no esporte com a participação especial de Fabiana Murer, ex-atleta do salto com vara, primeira mulher campeã mundial do atletismo brasileiro e mãe da Manuela.

“Eu queria ser mãe, mas não queria dividir isso com a minha carreira como atleta. Primeiro queria ser atleta, me dedicar a isso, colocar toda energia, e depois colocar toda energia para ser mãe, poder curtir cada momento com a minha filha. Sei que tem atleta que consegue ter filho e depois voltar para a carreira de atleta, mas eu não queria isso, queria uma coisa de cada vez, eu realmente planejei isso”, explica, em entrevista exclusiva.

Fabiana se despediu das pistas em 2016, após a Olimpíada do Rio, e quase um ano depois revelou que estava grávida, mas confessa que a vontade chegou a bater antes, quando viu a irmã à espera da segunda filha. 

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“Parece que o corpo perde, meu corpo pedia pelo menos. Eu estava com 29, 30, e aí me deu muita vontade de ser mãe, mas passou logo. Comecei a pensar na minha carreira, nas coisas que queria conquistar”, conta.

Seguindo seu planejamento, retomou a vontade junto ao fim da carreira, sabendo que a idade também pesava: “Já estava com 35 anos, e já estava ficando velha pra ser mãe. O corpo da mulher vai envelhecendo, os óvulos vão envelhecendo.”

Embora saiba que sua maternidade seguiu os planos estabelecidos desde o início da carreira, a ex-atleta reconhece as dificuldades para as mulheres optarem por ser mães. As pausas necessárias, em função da mudança do corpo e da amamentação, muitas vezes vêm seguidas do receio das consequências que a gravidez trará.

“As mulheres ficam com medo de perder salário, se serão mandadas embora ou não. Hoje em dia isso está mudando, essa visão do clube, dos patrocinadores em relação às mulheres. Eles estão vendo que é importante entender o lado da mulher”, destaca.

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Esse desafio de conciliar maternidade e carreira, claro, não é uma dificuldade apenas dentro do esporte. De acordo com pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), cerca de metade das mulheres sai do mercado de trabalho depois de 24 meses da volta da licença maternidade. 

“Tem mulheres que querem ter filhos, acham que é o momento certo, e depois podem retomar a carreira como atleta. É muito possível, temos o exemplo da Maurren Maggi que foi mãe, voltou, e foi campeã olímpica. Dá para fazer, é só se planejar,  mas precisa de um tempo, e os patrocinadores e clubes precisam entender isso”, finaliza Fabiana.

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