Quem são os atletas trans do boxe que estão nas Olimpíadas de Paris?

Hergie Bacyadan, das Filipinas, é o único atleta trans da modalidade

1 ago 2024 - 12h14
(atualizado às 15h39)
Hergie Bacyadan compete na divisão feminina por ainda não ter passado pela terapia de reposição hormonal
Hergie Bacyadan compete na divisão feminina por ainda não ter passado pela terapia de reposição hormonal
Foto: Reprodução: Instagram/hergiebacyadan

As Olimpíadas de Paris tem sido um palco de debates e discussões sobre inclusão e igualdade, e a suposta presença de atletas trans no boxe tem gerado um novo foco de atenção. Vale lembrar que Hergie Bacyadan, das Filipinas, é o único atleta trans da modalidade. 

No entando, uma polêmica com as atletas Imane Khelif e Lin Yu-ting, que anteriormente foram proibidas de competirem no Mundial de 2023 após reprovarem em testes de gênero, gerou comentários preconceituosos por parte de políticos. 

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“É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídos”, disse Eugenia Roccella, ministra da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades da Itália.

O Comitê Olímpico Internacional concedeu permissão às atletas para participarem do boxe feminino na Olimpíada e não há qualquer menção de que elas sejam mulheres trans. 

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Quem é Hergie Bacyadan

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Originário das Filipinas, Hergie Bacyadan experimentou vários esportes antes de se dedicar ao boxe. Em 2016, ele integrou a equipe de Wushu das Filipinas e, em 2017, conquistou medalhas de prata na Copa Asiática de Sanda e no Campeonato Mundial de Wushu. É o únic atleta trans das Olimpíadas de Paris. 

Depois, ele fez a transição para Vovinam, uma arte marcial vietnamita. Na nova modalidade, conquistou a medalha de prata nos Jogos do Sudeste Asiático de 2023 e o ouro no Campeonato Mundial de Vovinam no mesmo ano, tornando-se o primeiro atleta filipino a ganhar um título mundial nesse esporte.

De origem indígena, Hergie compete na divisão feminina por ainda não ter passado pela terapia de reposição hormonal. “Não tomei hormônios ou esteroides para parecer um homem. Esta é a minha construção natural na qual trabalhei por 10 anos. Se eu competir na divisão feminina, não acho que haja um problema”, disse em entrevista à revista Preview das Filipinas. 

Atualmente, Hergie é casado com Lady Denilgo Digo, que é influenciadora e ex-banqueira.

Atletas não-binários

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Além disso, as Olimpíadas contam com atletas não-binários, como Quinn, da seleção canadense de futebol, e Nikki Hiltz, da equipe de atletismo dos Estados Unidos.

Quinn, 28 anos, usa os pronomes neutros e fez história ao se tornar a primeira pessoa não-binária a competir em uma Copa do Mundo. Quinn defende abertamente a comunidade LGBTQIA+ nas redes sociais. No final de 2021, compartilhou sua experiência sobre a mastectomia, a cirurgia de remoção dos seios.

“Foi a melhor coisa que podia ter feito. A jornada de cada um é diferente e para mim, seguir o caminho da afirmação da cirurgia deu-me conforto, confiança e alívio. Cuidados afirmativos devem ser um direito. Atualmente, os cuidados são inacessíveis a tantos devido a custos, profissionais médicos discriminatórios e restrições governamentais”, escreveu.

Nikki Hiltz, 29 anos, por sua vez, está fazendo sua estreia olímpica competindo na prova de 1500 metros como parte da equipe de atletismo dos Estados Unidos. 

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Em julho, em seu Instagram, Nikki desabafou sobre sua trajetória como atleta. “Sentia-me exausta de explicar diversas vezes o significado de não-binário à comunidade do atletismo. As manchetes  diziam ‘corredora trans Nikki Hiltz…’ E, automaticamente, partia-se do princípio de que eu era alguém designado como homem à nascença ou um homem trans tomando testosterona”.

Fonte: Redação Nós
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