Aos 38 anos, e com uma medalha de prata conquistada na Olimpíada Rio 2016 no currículo, Ágatha, atleta do vôlei de praia, anunciou sua primeira gravidez há pouco mais de um mês, e com um detalhe importante: ela quer seguir jogando após dar à luz.
A realização do sonho da maternidade foi adiada, como em muitos casos de mães atletas, em função do esporte. Desde o planejamento para a pausa até a necessidade de rede de apoio para o retorno, as preocupações passam por qual o melhor momento, quais são os objetivos da carreira, e como conciliar as duas funções.
Esse é o tema do segundo episódio especial podcast do Papo de Mina sobre maternidade no esporte. Para quem não ouviu o programa da semana passada, com participação da Fabiana Murer, mãe da Manuela, clique aqui.
Curtindo essa nova fase da vida, Ágatha revela que ser mãe foi algo que sempre esteve em seu planos, mas que guardou a vontade por tanto tempo para alcançar outros objetivos antes, como o fortalecimento da carreira de atleta profissional, a conquista da medalha olímpica e outros tantos títulos no vôlei de praia.
“Eu acredito que ser mãe é uma das maiores e melhores coisas da vida. Eu acho que adiei tanto essa vontade porque eu sabia que eu queria me entregar muito pra viver esse sonho”, afirma.
O receio de estar dividida entre maternidade e carreira pesou muito, mas Ágatha garante que outras questões também têm impacto relevante para a decisão, como o lado financeiro e a mudança no ranking no retorno.
Ela explica que desde 2021 houve uma mudança no ranking do vôlei de praia, tanto mundial quanto brasileiro. Hoje os pontos são 100% congelados quando a atleta engravida, mas antigamente eram apenas 75%.
“A atleta já voltava numa outra condição, com o corpo diferente do que quando ela parou, fisicamente não estava naquele alto nível, tendo que montar nova equipe, parceria, às vezes sem patrocinador, e ainda pontuação 25% menor. Era como se fosse uma punição”, lamenta.
Esse era um dos motivos para ela imaginar que, quando resolvesse engravidar, automaticamente declararia a aposentadoria. Para sorte do esporte, esse pensamento mudou. “Foi esse momento de agora, parei pra analisar e falei, ‘eu ainda quero voltar. Não me vejo parada, acho que posso dar mais’”.
O planejamento para o retorno ainda não está completamente definido, mas Ágatha segue treinando, cuidando da alimentação e amparada por sua equipe multidisciplinar. Tudo isso, claro, curtindo cada momento da gestação.
Sobre as mudanças e os impactos da maternidade, a atleta só tem uma resposta possível: “acho que realmente só vivendo”.
“Já escutei muitos falarem assim: ‘olha, dá trabalho pra caramba, mas é maravilhoso’”, ela conta. E acrescenta: “dá para pensar como vai ser, mas eu acredito que deva ser uma coisa muito especial, mas como não senti ainda, só vivendo. Essa é a frase”.