O Real Madrid enfim se manifestou, na manhã desta segunda-feira, sobre mais um caso de racismo sofrido pelo brasileiro Vinícius Júnior na Espanha. Em nota oficial, o clube repudiou os atos e informou que apresentou uma queixa à Procuradoria-Geral da Estado por crime de ódio e discriminação.
A equipe se baseou no artigo 124 da Constituição espanhola para acionar o órgão. O time ainda afirmou que os fatos se caracterizam como um "ataque direto" ao modelo de convivência do Estado social e democrático.
Veja, na íntegra, o comunicado publicado pelo Real Madrid:
"O Real Madrid CF manifesta o seu mais veemente repúdio e condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador, Vinícius Júnior.
Esses fatos constituem um ataque direto ao modelo de convivência do nosso Estado social e democrático de direito.
O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a correspondente denúncia à Procuradoria-Geral do Estado, mais especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os fatos sejam investigados e as responsabilidades apuradas.
O artigo 124 da Constituição espanhola estabelece como funções do Ministério Público para promover a ação da justiça em defesa da legalidade e dos direitos dos cidadãos e do interesse público.
Por este motivo, dada a gravidade dos fatos ocorridos, o Real Madrid recorreu à Procuradoria Geral do Estado, sem prejuízo do seu carácter privado nos procedimentos que estão a ser instaurados"
Entenda o caso
Vinícius Júnior foi vítima de insultos raciais neste domingo, na derrota por 1 a 0 do Real Madrid para o Valencia, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol. Aos 25 minutos do segundo tempo, torcedores presentes no estádio Mestalla entoaram cantos racistas direcionados ao atacante. O jogador identificou um dos torcedores que o ofendeu e precisou ser segurado pelos companheiros.
Já nos acréscimos, Vini Jr. foi expulso. O atacante se envolveu numa confusão com jogadores do time rival e recebeu o cartão vermelho por atingir Hugo Duro, com o braço. A reação ocorreu após o brasileiro ser segurado pelo pescoço pelo mesmo jogador durante a discussão.
Após o término do confronto, La Liga prometeu que vai investigar o caso e, para isso, solicitou "todas as imagens disponíveis para investigar o ocorrido". A instituição também diz que "apresentou nove queixas nas últimas duas temporadas perante o Comitê de Competições da RFEF, Comissão Estadual contra a Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância no Esporte, além do Ministério Público do Ódio e Tribunais".
Depois do episódio, diversos personagens do esporte prestaram apoio a Vinícius Júnior. Entre eles, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, os astros Neymar e Mbappé, o técnico Carlo Ancelotti e o Presidente da República, Lula. O próprio Vini Jr. também desabafou e cobrou "ações e punições" dos diretores de La Liga.
O Real Madrid volta a campo nesta quarta-feira, quando enfrenta o o Rayo Vallecano, às 14h30 (de Brasília), no Santiago Bernabéu, pelo Espanhol.