Relembre sambas-enredo que homenagearam indígenas

Assim como a carioca Acadêmicos do Salgueiro neste ano, outras escolas já celebraram povos originários na avenida

11 fev 2024 - 05h00
Salgueiro é uma das escolas que celebram povos indígenas e suas lutas
Salgueiro é uma das escolas que celebram povos indígenas e suas lutas
Foto: Reprodução/Facebook/G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro - Original

Com o samba-enredo “Hutukara", que na língua Yanomami significa "terra-floresta", a escola carioca Acadêmicos do Salgueiro celebra um dos povos originários brasileiros, além de denúncias sobre as destruições climáticas. 

A canção conta ainda com uma dezena de palavras na linguagem Yanomami como Yakoana, uma substância extraída das raspas de uma árvore que possui efeito alucinógeno e é utilizada nos rituais xamânicos, e Xapiris, que são espíritos de luz e defensores da terra-floresta. 

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A escola homenageia ainda o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, assassinados na região do Vale do Javari, em 2022, no trecho “Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom”. 

Essa não é a primeira vez em que as escolas de samba celebram povos originais e o Terra NÓS relembra outros cinco desfiles icônicos que tiveram como tema os indígenas.

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“Ajuricaba, um herói amazonense” - Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Padre Miguel

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Em 1976, a escola carioca levou para avenida a história de Ajuricaba, um herói amazonense, líder dos Manaós, que lutou bravamente contra a colonização.  

A princípio os Manaós tinham um acordo com os portugueses, onde apenas indígenas de outras etnias seriam escravizados. Após um desentendimento que provocou a morte do cacique Manaó, seu filho, Ajuricaba, decide vingar a morte do pai e acabar com o acordo do qual discordava, se unindo aos holandeses do Suriname. 

Em 1729, são presos por Portugal entre 300 a 2 mil indígenas, incluindo Ajuricaba que, ao ser transferido para Belém, se lança nas águas acorrentado. 

O samba-enredo foi assinado pelos carnavalescos Antônio Andrade, Djalma Santos e Guilherme Martins.

Retrato do Ajuricaba liderando guerreiros contra as forças invasoras portuguesas
Foto: Wikimedia Commons/Americo Makk

“Como Era Verde o Meu Xingu” - Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Padre Miguel

A verde e branco carioca retomou a temática indígena em 1983. O desfile diurno foi dividido em oito partes que mostravam a floresta sem interferência do homem branco, mulheres indígenas, a fauna Xingu, os chamados mitos e lendas, o “Morená” (Morada do Sol e da Lua), a confluência dos rios que formam o Xingu, os vários povos indígenas que vivem na região e a interferência do homem branco na cultura indígena - que seria explorada novamente em outro desfile quatro anos depois.

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O enredo era do carnavalesco Fernando Pinto e a letra do samba de Dico da Viola, Paulinho Mocidade, Tiãozinho e Adil.

“A Virgem dos Lábios de Mel – Iracema” - Beija Flor

A escola azul e branca do Rio de Janeiro se baseou no romance de José de Alencar, que narra a história da indígena Iracema. Hoje considerado uma narrativa problemática da população indígena, o livro rendeu um desfile bastante inovador, sem as tradicionais alas, que foram substituídas por grandes cenas que contavam a história indígena na avenida. 

O samba-enredo é de Claudemir, Maurição, Ronaldo Barcellos, Bruno Ribas, Fábio Alemão, Wilson Tatá, Alan Vinicius e Betinho Santos.

 “Arapuca Tupi – A reconquista de uma terra sem dono” - X9 Paulistana

Em 2022, após dois anos sem desfiles por conta da pandemia de covid-19, a paulista X9 levou para avenida um samba-enredo sobre a luta da população indígena e presenças marcantes: a atual ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, a deputada federal Célia Xakriabá e ativistas indígenas como Puyr Tembé, Kleber Karipuna e Yaponã Guajajara. 

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A autoria do samba-enredo é do carnavalesco Igor Carneiro e do jornalista Júlio Poloni.

"Guaicurus" - Barroca Zona Sul

A verde e rosa paulistana homenageou a etnia que viveu no Mato Grosso do Sul, Goiás e na região do Chaco paraguaio e tinha como característica ser um povo guerreiro. 

"Esse povo indígena foi escolhido porque muita gente conhece a história da guerra do Paraguai, da questão da divisão territorial da região centro-oeste, mas pouca gente dá importância para esse povo. Guaicurus era um povo indígena que vivia naquela região e que foi usado como exército do Brasil na Guerra do Paraguai, justamente por conhecer, dominar e conhecer os animais daquela região, principalmente os cavalos", contou na época o carnavalesco Rodrigo Meiners. 

Os compositores foram Thiago Meiners, Claudio Mattos, Sukata, Morganti, Tubino, André Mattos, Thiago Savanna, Wilson Mineiro, Julio Alves, Rodrigo Alves, Silvio Ribeirinho, Fernando Negão e Pixulé, que também interpretou o samba.

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Fonte: Redação Nós
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