Na novela “Renascer”, da TV Globo, a personagem Buba, interpretada pela atriz Gabriela Medeiros, procurou informações sobre adoção de crianças. Como uma mulher trans, ficou com medo dos requisitos e se seria aprovada na avaliação. No entanto, para confortar Buba, a profissional de adoção citou a reverenda Alexya Salvador, a primeira travesti a conseguir adotar uma criança no Brasil.
“Casos como o da Alexya e do Roberto, e outros os quais a gente tem se deparado aqui, têm nos feito aprender que não existem famílias típicas ou atípicas. O que existem são famílias aptas ou inaptas a acolherem de verdade uma criança, um jovem na própria vida”, disse. A cena aconteceu no capítulo que foi ao ar na segunda-feira, 19.
O primeiro processo de adoção de Alexya aconteceu em 2015, quando ela adotou Gabriel. Em 2016, adotou Ana Maria e, em 2018, Deise, duas meninas trans. Pastora da Igreja da Comunidade Metropolitana do Brasil (ICM), Alexya conheceu o marido Roberto em 2009, época em que entrou para a ICM.
Alexya se descobriu travesti aos 30 anos por causa da ICM, onde encontrou acolhimento, conforto e um espaço seguro. “Muitas pessoas duvidaram da minha fé por eu ser uma travesti e ter um corpo dissidente. Mas isso também me alimenta de alguma forma porque faz com que eu não desista do meu chamado e da minha vocação, que eu continue lutando e anunciando que essa vivência cristã é para todas as pessoas, independente do corpo, gênero ou sexualidade”, disse em entrevista ao Terra NÓS em 2023.
Nas redes sociais, a reverenda frequentemente posta sobre os direitos da comunidade LGBTQIA+ e registros com a família e na igreja. No Instagram, ela compartilhou sua felicidade por ser citada na novela, afirmando que a produção a ouviu com muito carinho e respeito antes do capítulo ir ao ar.
“Gratidão é o que estou sentindo nesse momento. Ver a nossa família ser citada na novela 'Renascer' é muito significativo. Buba, uma mulher trans, tem o desejo de ser mãe. Seu processo de adoção não será fácil, mas eu sei que quando temos o amor como direção, as dificuldades sempre são superadas. As famílias transafetivas existem e resistem”, concluiu.