Após 20 anos de trabalhos prestados para a Rede Globo, a repórter Veruska Donato entrou como uma ação contra a sua antiga emissora. A denúncia é de assédio moral.
Segundo a repórter, ela foi obrigada a se enquadrar em um padrão de beleza pré-estabelecido pelo canal. Ela não podia engordar, não tinha liberdade para escolher suas próprias roupas, tinha que cuidar bem das unhas e qualquer sinal de flacidez ou ruga era condenado pela sua diretoria. Veruska relata que as profissionais do sexo feminino eram muito mais cobradas e tinham que mostrar mais produtividade que os homens
A defesa de Veruska se manifestou publicamente sobre o caso e comentou as pressões estéticas sofridas pela repórter: "A situação se agravou nos últimos anos da contratualidade, por conta do etarismo praticado pelos prepostos da ré, havendo críticas de chefe e do setor de figurino do jornalismo quanto a qualquer flacidez ou gordura considerada fora do lugar", disse seu representante.
Com 50 anos, a jornalista encarou a situação vivida na empresa como um claro preconceito com profissionais mais velhas: "Para muita gente, para o Brasil, o velho não é bonito. E uma mulher de 50 anos na televisão não é legal. A TV é cruel. E as TVs investem em algo errado, eles querem gente jovem para rejuvenescer a audiência. Isso não é certo", contou Veruska em entrevista cedida para Luciana Livrieiro.
Além da pressão estética, Veruska afirma que passou 17 anos na empresa - entre 2002 e 2019 - como Pessoa Jurídica e só teve a sua carteira de trabalho assinada pela TV Globo em seus dois últimos anos de contrato. A jornalista solicita que o período seja reconhecido como vínculo empregatício. No período de trabalho na emissora, ela também afirma ter desenvolvido a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.
Veruska Donato deixou a emissora no final de 2021, após 20 anos como contratada do Grupo Globo. Na época, a repórter afirmou que a decisão foi tomada por causa de problemas de saúde surgidos enquanto fazia a cobertura da pandemia de Covid-19, além da carga emocional de suas reportagens para os jornalísticos da emissora.
Em sua ação por perdas, danos e assédio moral, a repórter solicita uma indenização de R$ 13 milhões.