Rica, bem educada e influente: quem foi a mulher que iniciou resistência armada em Minas Gerais

Hipólita Jacinta desafiou o regime imperial na Inconfidência Mineira e foi quem notificou os inconfidentes sobre prisão de Tiradentes

7 dez 2024 - 04h59
Hipólita foi reconhecida com uma lápide no Panteão dos Inconfidentes, no Museu da Inconfidência
Hipólita foi reconhecida com uma lápide no Panteão dos Inconfidentes, no Museu da Inconfidência
Foto: Divulgação/Museu da Inconfidência

No ano de 1879, uma mulher desafiou o regime imperial com uma resistência armada que ficou para a história, mas que, por muito tempo, foi esquecida nas páginas da narrativa oficial. Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, nascida em Prados, em 1748, foi uma das figuras mais complexas de Minas Gerais, especialmente pela sua atuação decisiva na revosta separatista da Inconfidência Mineira, no período do Brasil Colonial, e pelo papel central que desempenhou em uma revolta armada.

Contrariando as convenções da sociedade colonial, que relegaram as mulheres ao espaço privado, ela se destacou como uma das maiores colaboradoras do movimento. De origem rica, Hipólita Jacinta tinha influência e recursos, o que lhe permitiu apoiar a revolta financeiramente e ser uma peça-chave na articulação entre os inconfidentes.

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Uma mulher de influência

Filha de Clara Maria de Melo e Pedro Teixeira de Carvalho, um grande fazendeiro da época, Hipólita nasceu em uma família de elite, o que a garantiu acesso a uma educação refinada e uma boa posição social. No entanto, de acordo com o Museu da Inconfidência, não há registros sobre a aparência de Hipólita.

Ao contrário das mulheres de sua época, que frequentemente se casavam jovens e seguiam uma vida restrita aos cuidados domésticos, Hipólita se casou apenas aos 33 anos, com Francisco Antônio de Oliveira Lopes, oficial no Regimento de Cavalaria de Minas.

Apesar do casamento, ela manteve sua autonomia e não se limitou ao papel tradicional de esposa. Hipólita não teve filhos biológicos, mas adotou um bebê recém-nascido, filho de sua irmã mais nova. 

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Fazenda Ponto do Morro

Hipólita vivia na Fazenda Ponto do Morro, um extenso território que se tornou um centro de atividades políticas e militares, especialmente durante a Inconfidência Mineira. A fazenda não era apenas um espaço de cultivo, mas também um ponto estratégico onde ocorriam reuniões secretas, em que Hipólita fornecia abrigo e recursos aos inconfidentes. 

Ela usava suas plantações e seus conhecimentos sobre a região para organizar as ações do movimento de forma eficaz.

Inconfidência Mineira

Durante a Inconfidência Mineira, Hipólita teve um papel de destaque, atuando como uma das maiores financiadoras do movimento e como uma intermediária entre os líderes da revolta. Ela foi responsável por redigir a carta que notificou a prisão de Tiradentes, o inconfidente mais conhecido e radical, e orientou os conspiradores a iniciar o levante militar.

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Além disso, seus conselhos estratégicos foram essenciais para a comunicação entre os inconfidentes e suas ações de inteligência ajudaram a manter a resistência viva por mais tempo, mesmo diante da repressão do governo colonial.

O apagamento de Hipólita e o reconhecimento tardio

Com o fracasso do movimento, todos os homens que participaram da revolta separatista foram presos, inclusive seu marido.

Mesmo com sua significativa atuação política e militar, Hipólita foi sistematicamente apagada da narrativa oficial. O governo apreendeu seus bens como uma forma de punição, mas seu nome nunca foi reconhecido de maneira pública.

Mais de 200 anos após o movimento, Hipólita foi reconhecida com uma lápide no Panteão dos Inconfidentes, em Ouro Preto, Minas Gerais, e foi homenageada em uma cerimônia no Museu da Inconfidência em 2023.

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Fonte: Redação Nós
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