Robinho admitiu ter tido relação íntima com a vítima que o acusou de estupro, ocorrido em uma boate em Milão, na Itália, em 2013. Um áudio gravado por escutas autorizadas pela Justiça da Itália, no carro do ex-jogador, faz parte do processo que o condenou, junto do amigo Ricardo Falco, a nove anos de prisão por estupro coletivo.
A conversa foi mostrada no podcast Os grampos de Robinho, do UOL. O ex-atleta foi condenado a 9 anos de prisão pela Corte de Cassação da Itália por violência sexual, mas segue em liberdade no Brasil.
Na conversa, Robinho admite, pela primeira vez, ter tido relação com penetração com a vítima. Ele e Falco conversam sobre as versões que eles apresentaram à polícia durante as oitivas. O ex-jogador afirma que a mulher “quis”, mas em outro momento, os dois dizem que ela estava embriagada, o que levou a Justiça a decidir que houve crime de estupro.
“É, eu comi, pô! Porque ela quis. Aonde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez chupeta pra mim e depois saí fora. Os cara continuaram lá”, disse Robinho no áudio, em conversa com Falco.
Falco revela que mentiu para o próprio advogado e à polícia sobre o envolvimento de Robinho no ato. “Dei depoimento, falei toda a verdade para o meu advogado. Só não falei que você comeu a mina”, disse.
Em seguida, ele descobre que a estratégia de Robinho era incriminá-lo, e passa a mudar o próprio depoimento para implicar o ex-jogador. “Eu sou homem até o fim, porque é o seguinte, num bagulho desse quem tem mais a perder é ele, porque eu podia chegar lá e falar assim: 'O Robinho comeu a mina mesmo e o c******'. É sua vida, sua profissão, você se fode”, disse Falco a Robinho.
Falco estava desempregado e desejava ir aos Estados Unidos para trabalhar. Robinho diz que iria ajudar o amigo, ou que, caso ele decidisse voltar ao Brasil, ajudaria a conseguir um cargo público para o amigo. “Se eu for voltar pro Brasil, eu te coloco pra trabalhar na prefeitura lá que é uma teta. Igual os caras... os caras ganham 2 conto”, disse Robinho.
Ainda sobre o crime, os amigos falaram que tinham medo dos resultados de um exame de DNA, realizado com o vestido que a vítima usava no dia do crime, e que foi entregue à polícia. Falco e Robinho tinham medo de que o esperma deles fosse encontrado na roupa, já que os dois tiveram relação com a mulher.
Falco relatou que, ao dar depoimento, também teve uma amostra de saliva coletada. Falco temia que seu DNA constasse no vestido, já que não se lembrava se tinha ou não ejaculado na mulher naquela noite.
“Eu fiz o exame hoje. Certeza que a hora que sair o resultado do exame os caras vão me chamar. [...] Mas sabe qual o problema, Neguinho? Mano, eu tenho tipo 80% na minha cabeça que pode ter constado algum bagulho meu. Aí sai o resultado. ‘Ah, tem esperma dele.’ Aí depois do resultado eu vou lá mudar? A hora que os caras me chamar lá pode ser f***. Eu prefiro. Porque ele falou: ‘Se você só assistiu não dá nada’”, disse Falco a Robinho.
Robinho ainda não havia sido chamado para fazer o exame de DNA, e tentou tranquilizar o amigo. “Mas os caras não sabe, Ricardo. Eu também fiquei com medo disso aí. O próprio advogado falou: ‘P***...’ Eu falei: ‘Se eu não soubesse que tivesse essa p**** desse vestido aí…’”, disse Robinho.
Caso o DNA de Falco constasse no vestido, a versão que ele havia dado à polícia seria invalidada. Foi o que aconteceu. Vestígios do esperma dele foram encontrados na peça de roupa, conforme apontou o teste em outubro de 2014. O DNA de um segundo homem também foi identificado na peça, mas não era de Robinho.
Na época, o ex-jogador estava no Brasil, jogando pelo Santos Futebol Clube. Apesar do resultado do exame de DNA, ele não saiu da lista de suspeitos. Dessa forma, o Ministério Público começou a se atentar aos depoimentos e gravações obtidas, até a condenação de Robinho.