Com o apoio do presidente Joe Biden, que abriu mão neste domingo (21) da reeleição, Kamala Harris tem grandes chances de se tornar a próxima candidata presidencial democrata. Caso seja nomeada, ela se tornará a primeira mulher negra e a primeira asiático-americana a liderar a chapa de um grande partido político - e, a depender dos resultados das urnas, fará história como a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. Ressaltando: a primeira mulher negra presidente dos Estados Unidos.
Aos 59 anos de idade, Kamala já deixou seu nome nos anais da nação. Ela foi a segunda mulher negra a se eleger senadora nos Estados Unidos e em janeiro de 2021 se tornou a primeira pessoa negra e de origem asiática a ocupar o posto de vice-presidente do país.
Kamala nasceu em Oakland, na Califórnia, e é filha de imigrantes: sua mãe nasceu na Índia e seu pai na Jamaica. Com o divórcio dos pais, quando tinha cinco anos de idade, ela foi criada principalmente pela mãe, a pesquisadora de câncer e ativista dos direitos civis Shyamala Gopalan Harris. Sua infância e adolescência foram marcadas por manifestações pelos direitos civis.
A influência materna no desenvolvimento de sua autoconfiança e na construção de uma autoestima poderosa é relatada na autobiografia "As verdades que nos movem" (Ed. Intrínseca), de 2021. Em cada página é possível acompanhar o orgulho de suas raízes e de sua trajetória profissional.
Na obra, a atual vice-presidente dos Estados Unidos também relembra a formação em Artes na Howard University, instituição historicamente negra em Washington, que considera uma das experiências mais importantes de sua vida. Harris também viveu em comunidades predominantemente brancas, incluindo uma fase no Canadá, quando a mãe lecionou na Universidade McGill em Montreal.
Trajetória de sucesso
Ela também cursou a Faculdade de Direito Hastings da Universidade da Califórnia. Nos anos 1990, trabalhou no escritório do procurador-geral do distrito e da cidade de São Francisco e em 2004 foi eleita procuradora-geral da mesma cidade.
Após dois mandatos, foi eleita duas vezes procuradora-geral da Califórnia (2011-2017), cargo que construiu sua reputação como estrela em ascensão do Partido Democrata. Em janeiro de 2017, tomou posse no Senado. Já vice-presidente, dedicou seu discurso de vitória às mulheres que lutaram pela igualdade no país. Durante a campanha, em 2020, foi chamada pelo então candidato Donald Trump de "monstro" e "mulher raivosa", expressões racistas e misóginas sobre as mulheres negras.
Em seu mandato, Kamala Harris demonstrou posições progressistas envolvendo a comunidade LGBTQIAPN+, sobretudo em relação às uniões homoafetivas, e sobre o direito ao aborto. Ela liderou a campanha "Luta pelas Liberdades Reprodutivas", defendendo o direito das mulheres de tomarem decisões sobre seus próprios corpos.
Casada há dez anos com o advogado Doug Emhoff, ela se tornou madrasta de seus dois filhos - que a chamam de "Momala". Kamala é fã de basquete e ótima cozinheira. Seu nome tem origem indiana e significa "flor de lótus". O jeito certo de pronunciá-lo é "Kâma-la".
O ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato do Partido Republicano, Donald Trump, já pronuncou o nome de Kamala errado algumas vezes. Apesar do apoio de Joe Biden, somente nos próximos dias Trump - e o restante do mundo - saberá se Kamala Harris será mesmo a alternativa do Partido Democrata para a disputa nas urnas.