A população de idosos no Brasil é de cerca de 22.169.101, um aumento significativo em relação aos números de 2010. Para a médica geriatra Andressa Borges, a compreensão do envelhecimento mudou ao longo dos anos.
O Brasil tem cerca de 22.169.101 idosos com 65 anos ou mais, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado. Esse número representa um aumento de 57,4% em relação aos 14.081.477 registrados no Censo de 2010.
A proporção de idosos em relação à população total também subiu: enquanto em 2010 as pessoas com 65 anos ou mais representavam 7,4% dos habitantes do país, em 2022 essa parcela chegou a 10,9%.
Em meio a esse crescimento, a médica geriatra Andressa Borges, especialista em envelhecimento saudável, ressalta como a compreensão do envelhecimento mudou ao longo dos anos. "Hoje, definimos como pessoa idosa aquela com mais de 60 anos. Com o aumento da expectativa de vida e os avanços da medicina, essa população tem crescido significativamente. O idoso de hoje sustenta sua família, se aposenta mais tarde, cuida dos netos e desempenha um papel crucial na economia do país", disse ela ao Terra NÓS, no Dia do Idoso, comemorado nesta terça-feira, 1º.
Além disso, a geriatra pontua que muitos dos preconceitos associados ao envelhecimento nascem de mitos que perpetuam o etarismo. "O maior mito é acharmos que é normal o idoso ter demência ou se tornar incapaz de tomar decisões sozinho ou de se cuidar. A sociedade presume que uma pessoa de 80 anos é frágil, mas isso não é inerente ao envelhecimento. Com cuidados adequados ao longo da vida, podemos envelhecer bem e manter nossa independência", afirmou.
Para Andressa, mudar essa percepção sobre o envelhecimento é fundamental para combater o etarismo. "Se todos entenderem que envelhecer não significa perder suas habilidades, sua inteligência e sua funcionalidade, iremos parar de ver a pessoa idosa como alguém incapaz."
Diante desses desafios, a geriatra destaca que um envelhecimento saudável e ativo depende de alguns pilares fundamentais:
Movimento
"A atividade física preserva a força muscular, permitindo que a pessoa continue independente, seja para andar, sair de casa, ou até mesmo continuar a trabalhar se quiser", afirmou Andressa Borges.
De acordo com a médica, o pico de massa magra de uma pessoa é por volta dos 30 anos de idade. Depois disso, se a pessoa ficar muito parada, o corpo tende a perder músculo. "Por isso, a atividade de força é essencial para que, aos 80 anos, eu ainda tenha força nas pernas que me permita sentar e levantar da cadeira, andar sem ajuda e, com isso, ser mais independente", disse ela, destacando também a importância da atividade física aeróbica na prevenção de doenças do coração.
Engajamento social
"Ter amigos, ser próximo da família e manter hobbies é um fator protetor contra demência e depressão, enquanto o isolamento social é um risco para a saúde mental", disse ela ao Terra NÓS.
O contato social não apenas promove a saúde mental dos idosos, mas também fortalece a rede de apoio necessária para enfrentar os desafios do envelhecimento.
Propósito de vida
Segundo Andressa, é importante nunca parar de querer viver por algo. "Encontre um objetivo maior, seja no trabalho, na família, nos hobbies ou no desejo de sempre aprender algo novo."
O propósito de vida, nas palavras da médica, é aquilo que te dá força para sair da cama todos os dias. "Pode ser por sentir que tem um papel importante na sociedade por causa do trabalho ou pode ser saber que sua família depende de você para o sustento. Pode ser ainda um desejo de cuidar de alguém ou de ver seus filhos e netos crescerem", contou.
"É comum o idoso ficar confuso quando se aposenta por perder o propósito de vida que tinha antes, mas é importante ressignificar esse momento e achar um novo propósito."
Alimentação saudável
"Uma dieta balanceada e sem excessos é fundamental para garantir saúde e vitalidade", afirmou a geriatra. O excesso de gorduras, açúcares e alimentos processados pode levar à obesidade, hipertensão, diabetes e até à demência.
Ela ressalta que não existe alimento milagroso. "Uma alimentação correta é variada, rica em verduras, legumes e frutas, com bastante proteína (principalmente carne branca), além de gorduras saudáveis, como o ômega 3 do peixe."
Saúde
"Se você tem hipertensão, diabetes ou colesterol alto, é essencial seguir o tratamento corretamente e ter acompanhamento médico regular. Isso pode prevenir complicações graves e sequelas irreversíveis", contou Andressa.
Segundo ela, o sono também é crucial para o bom funcionamento do corpo. Um sono de má qualidade pode aumentar o risco de depressão e morte súbita, por exemplo. "Para uma boa noite de sono, evite café e outras bebidas estimulantes após às 16h, evite beber muito líquido após às 18h (para não ficar acordando para urinar), desligue todas as telas 2 horas antes de se deitar e pratique atividade física regularmente", pontuou.