Patrícia Santos é CEO fundadora da consultoria em equidade racial “EmpregueAfro”, que atua há 18 anos no mercado e é reconhecida como a única consultoria de RH do país com esta competência e que tem em seu slogan a sua missão: “Realizadores de sonhos ofuscados pelo racismo”. A paulista de 43 anos é ativista e militante da causa racial e luta contra o racismo em todos os espaços.
A fundadora da consultoria explica a importância de estar à frente de uma consultoria que visa aumentar o número de pessoas negras no mercado de trabalho. “Se a gente não consegue oportunidade, a gente não consegue nem sonhar. Nós existimos para transformar a vida das pessoas negras, ser uma ponte para a realização dos sonhos profissionais. Minha missão é ver a proporcionalidade no mercado de trabalho, ver profissionais negros alcançando cargos altos", conta Patrícia Santos ao Terra NÓS.
Patrícia afirma que a procura de empresas interessadas em projetos e palestras sobre equidade racial aumentou, mas pontua que essa construção igualitária precisa ser constante. “Em novembro, o mês da Consciência Negra, tem muita palestra, mas esquecem que ao longo do ano elas também são necessárias. Falta mais consistência de trabalho com essa temática”.
Patrícia Santos percebeu a falta de profissionais negros em processos seletivos em 2000, quando era estagiária de RH. Por incentivo de um amigo, Patrícia começou a realizar palestras para jovens negros universitários sobre como se portar em entrevistas e montar um currículo. Com a grande procura de jovens pelas palestras sociais, a “EmpregueAfro” nasceu no fim de 2004.
"Não posso me calar"
Mulher negra, casada com homem negro e mãe de quatro filhos negros, Patrícia diz que a luta contra o racismo deve ser constante e relembra trajetória familiar. “Eu sempre soube desde criança que lutar contra o racismo ia fazer parte da minha vida, da minha missão. Sou neta de uma mulher preta retinta que foi escravizada, minha mãe foi empregada doméstica aos 12 anos. Sou a primeira neta da minha vó a concluir uma graduação, eu quebrei o ciclo porque eu tive oportunidade de estudo, através do trabalho da minha mãe que pagou minha universidade”, afirma.
Os filhos Caynan, de 15 anos, Matheus, 12, Emmanuel, 9, e Anyssa, de 7, aprenderam desde cedo a se fortalecer contra o preconceito racial. Patrícia conta que ela e o marido, Paulo Dias, sempre reforçaram este empoderamento.
“Como mãe, eu não quero que meus filhos sofram. Eu passei por episódios de racismo na infância, mas hoje em dia eles passam por situações muito cruéis e eu não posso me calar jamais. Eu sabia que tinha que fortalecer meus filhos com repertório, com uma base muito forte sobre autoestima, com a verdadeira história como descendentes de reis e rainhas que foram raptados da África para o Brasil”, finaliza.