Nicolas Albiero, ou apenas Nick, como é chamado pelos mais próximos, fez história ao vencer os 200m borboleta masculino na Seletiva Olímpica de Natação e garantir uma vaga nos Jogos de Paris. Com 24 anos, ele também alcançou outro importante feito para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil: é o primeiro nadador assumidamente gay a estar na competição.
“Acho muito importante ser totalmente transparente e honesto com qualquer plataforma que você tenha, grande ou pequena. A natação me deu uma plataforma [visibilidade] e seria injusto não ser quem sou”, diz Nick, em entrevista ao Terra NÓS.
Para ele, se assumir e estar confortável com isso pode inspirar “uma geração de jovens nadadores a serem autenticamente eles mesmos todos os dias.”
“Nunca tive alguém em quem me inspirar na natação, que eu achasse que me representasse. Então, espero que vejam alguém como eu e se sintam vistos/representados em um grande palco.”
Nick destaca a representatividade dentro da modalidade e compartilha um pouco do acolhimento que recebeu em sua trajetória.
“Também espero mostrar que não importa como se identifique, você nunca estará sozinho. Uma grande lição que aprendi é que as pessoas que deveriam estar em sua vida irão aceitá-lo como você realmente é”, ressalta.
“Acho uma loucura que ainda estejamos tentando normalizar e lutando tanto por representação. É 2024! Vamos todos ficar confortáveis em nossa própria pele e viver nossas vidas”, completa o atleta.
Mudança para o Brasil e adaptações
Nascido nos EUA e naturalizado brasileiro, Nick é filho do treinador Arthur Albiero e da norte-americana Amy Albiero. Em 2023, ele decidiu competir representando o Brasil e se mudou para Belo Horizonte (MG). Atualmente, ele treina no Minas Tênis Clube.
“Sempre foi um sonho meu morar no Brasil. Como meu pai é brasileiro, visitávamos muitas vezes e tive uma sensação de pertencimento. Nunca quis ir embora e chorava no avião para minha mãe dizendo que queria ficar. No verão passado, tive uma oportunidade maluca de me mudar e treinar no Minas Tênis Clube”, conta.
Apesar de ser uma oportunidade tão sonhada, os desafios da migração foram intensos. “Mesmo que eu estivesse animado, foi um choque para mim. Vindo dos EUA, o Brasil é tão diferente. A cultura, a comida, a língua, as pessoas. Demorei um pouco para me ajustar e me adaptar a tudo.”
Mas ele não se arrepende da escolha. “Cresci muito através dessas lutas. Não sabia nada de português quando me mudei e só tinha conhecido meus treinadores uma vez. Foi um risco enorme, mas ao mesmo tempo foi uma oportunidade única. Teria me arrependido a vida inteira se não tivesse aproveitado essa chance”, diz.
Agora, Nick vai tranquilo para as Olimpíadas, feliz consigo mesmo e com o trabalho que tem realizado. “Todo o trabalho duro está feito. Não foi fácil chegar até aqui, mas espero mostrar todo o meu trabalho através das minhas atuações. Também quero deixar minha família, equipe e país orgulhosos. Darei tudo o que tenho”, finaliza.