Sinhazinha de Parintins é criticada por bonecos pretos em vestido; entenda

Traje de Valentina Cid, do Boi Caprichoso, foi usado na primeira noite do festival e acusado de ser reflexo de racismo estrutural

1 jul 2024 - 11h41
Sinhazinha levou nas mãos bonecos do Pai Francisco e Mãe Catirina, personagens que representam pessoas escravizadas no Brasil colonial
Sinhazinha levou nas mãos bonecos do Pai Francisco e Mãe Catirina, personagens que representam pessoas escravizadas no Brasil colonial
Foto: Reprodução YouTube/TV A Crítica

A apresentação do Boi Caprichoso na primeira noite do 57° Festival Folclórico de Parintins, na última sexta-feira (28), gerou debate sobre racismo estrutural nas redes sociais. O motivo foi o traje usado pela "Sinhazinha", interpretada por Valentina Cid, que se apresentou na arena do Bumbódromo com um vestido carregando bonecos que retratavam pessoas pretas. Internautas apontaram racismo estrutural na indumentária escolhida para o evento, que, em sua essência, deveria homenagear a cultura dos povos originários e tradicionais da Amazônia.

Além do vestido com os bonecos pretos, a "Sinhazinha" do Boi Caprichoso carregou nas mãos durante toda a apresentação bonecos do Pai Francisco e Mãe Catirina, personagens que representam pessoas escravizadas no Brasil Colônia.

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Entenda de vez porque blackface é racista Entenda de vez porque blackface é racista

A personagem Sinhazinha remete às esposas e filhas dos donos de engenho da época colonial e a um passado permeado por violência e opressão, características que ainda hoje fazem parte da realidade de negros e indígenas no país.

Não é de hoje que as questões raciais são alvo de discussão durante o Festival de Parintins. Em 2019, os jurados emitiram uma carta oficial exigindo o fim da prática de blackface na caracterização de Pai Francisco e Mãe Catirina. Com a polêmica, os atores que representavam o casal passaram a ser verdadeiramente negros.

No entanto, a crescente relevância do papel da Sinhazinha em detrimento de Pai Francisco e Mãe Catirina tem desagrado historiadores e especialistas, que enxergam um "embranquecimento" do festival nos últimos anos.

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Em 2023, uma tentativa de "resgatar" os elementos da cultura negra acabou surtindo o efeito contrário: vestida como a orixá Oxum, Valentina Cid foi acusada de apropriação cultural e perdeu pontos em sua apresentação.

Fonte: Redação Nós
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