"Só queria que parasse", diz Anielle Franco sobre assédio de Silvio Almeida

Em primeira entrevista sobre o caso, ministra falou que "atitudes inconvenientes" começaram em 2022, e que não relatou situação antes por medo de julgamentos

4 out 2024 - 16h31
(atualizado às 16h43)
Anielle Franco detalhou como as ações do ex-ministro evoluíram para importunação sexual
Anielle Franco detalhou como as ações do ex-ministro evoluíram para importunação sexual
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Perfil Brasil

Nesta sexta-feira (4), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, compartilhou, pela primeira vez, suas vivências de importunação sexual envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Durante uma entrevista à revista Veja, Anielle confirmou ter sido vítima do que descreve como "atitudes inconvenientes" que tiveram início ainda durante a transição de governo em 2022. Ela destacou o medo de julgamentos como um dos obstáculos para a denúncia imediata.

No decorrer da entrevista, Anielle detalhou como as ações do ex-ministro evoluíram para importunação sexual, um crime tipificado na legislação brasileira que engloba desde assédios verbais até toques não consentidos. Apesar de a situação ter começado em dezembro de 2022, Anielle explica que se sentiu "paralisada" e decidiu focar em suas responsabilidades ministeriais, hesitando em dar voz pública ao ocorrido.

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Como o governo está respondendo às acusações?

Quando questionada sobre as medidas do governo frente ao assédio na administração pública, Anielle Franco mencionou programas de prevenção e enfrentamento. Destacou ainda a formação de um grupo de trabalho dedicado ao combate a essas práticas, refletindo o compromisso do governo em promover um ambiente mais seguro e acolhedor para todos.

O caso trouxe à tona discussões sobre como as vítimas de violência enfrentam pressões tanto internas quanto externas. "Vivemos em um mundo onde a informação circula rapidamente, mas nenhuma vítima é obrigada a falar sobre o que aconteceu antes de estar preparada. É um processo pessoal e único", afirmou Anielle, realçando a importância de respeitar o tempo das vítimas.

Qual é a relação de Anielle com Janja?

A relação de Anielle Franco com a primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, também ganhou destaque. No dia em que as denúncias se tornaram públicas, Janja expressou seu apoio publicamente, postando uma foto com Anielle. Para a ministra, esse gesto foi mais do que um ato de solidariedade: "Representa um compromisso com a proteção das mulheres e a intolerância à violência e opressão," comentou Anielle.

Essa parceria entre as duas reitera a importância de redes de apoio para quem atravessa situações de vulnerabilidade, especialmente em ambientes profissionais de alto nível, como a administração pública.

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Progressos na investigação da Polícia Federal

A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) deu novos passos com o depoimento de Anielle, fornecendo detalhes sobre as ocasiões e comportamentos incômodos por parte do ex-ministro. A PF também planeja ouvir outras supostas vítimas e uma representante da organização MeToo Brasil, antes de interrogar Silvio Almeida, cuja acusação ele nega, alegando perseguição.

  • Investigação anteriormente autorizada pelo STF.
  • Silvio Almeida foi demitido após as denúncias virem a público.
  • O caso continua sob sigilo na Suprema Corte.

     

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