Tempestades no litoral de SP deixam indígenas ilhados; saiba como ajudar

Funai está no local dando assistência aos indígenas, que estão recebendo doações de diversas lideranças e da sociedade civil

23 fev 2023 - 17h03
(atualizado às 18h03)
A tempestade do último domingo (19) deixou o município em estado de calamidade pública
A tempestade do último domingo (19) deixou o município em estado de calamidade pública
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

As chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo nos últimos dias deixaram muitos indígenas ilhados, principalmente os moradores da Terra Indígena Ribeirão Silveira, que abrange os municípios de São Sebastião, Bertioga e Salesópolis. As tempestades causaram diversos estragos na região. Um alerta foi emitido pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (ArpinSudeste) em conjunto a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

“Solicitamos atenção e a visita do Ministério dos Povos Indígenas, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas e da Secretaria Especial de Saúde Indígena para que as mais de 500 famílias que vivem na região não fiquem desatendidas neste momento de calamidade pública”, diz o comunicado.

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Entre a última terça-feira (21) e a próxima sexta-feira (24), a previsão de precipitação acumulada é de 200 milímetros (mm). O temporal que aconteceu no último domingo (19), deixou o município em estado de calamidade pública, com deslizamentos e enchentes. Segundo a Defesa Civil de São Sebastião, a chuva foi de mais de 600 milímetros (mm). Até o momento, 48 pessoas morreram em decorrência das chuvas, informação confirmada pela Prefeitura de São Sebastião nesta quinta-feira (23).

Moradores da região estão recebendo doações de alimentos
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

O acesso ao local sofreu danos pelas tempestades e o posto de saúde que atende a Terra Indígena (TI) foi afetado pelas chuvas, segundo um dos cofundadores da Frente de Apoio aos Povos Indígenas (Fapib) Sudeste, Maurício Fonseca.

“Foi um evento climático que assustou a comunidade inteira e, obviamente, ela está preocupada com os desdobramentos dessa crise climática, que está cada vez mais afetando o litoral. Eles têm o conhecimento, estão percebendo essas mudanças”, afirmou Fonseca à Agência Brasil.

Ele ainda disse que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) está presente no local para conversar com as autoridades e dar assistência aos indígenas, que estão recebendo o apoio de diversas lideranças, como o Fórum das Comunidades Tradicionais do litoral norte. O fórum conseguiu acessar o território com caminhões e está ajudando as famílias com cestas de alimentos e doações em dinheiro.

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Segundo o alerta da ArpinSudeste e Apib, as aldeias estão recebendo doações e apoio via pix pelo CPF do cacique Adolfo Timotio: 133.346.368-52. Ele mora na aldeia indígena Guarani Rio Silveiras. Além da doação através da transferência bancária, a Funai e a Prefeitura de Bertioga estão arrecadando doações na Secretaria de Turismo e Cultura (Avenida Tomé de Souza, nº 130, Centro, Bertioga).

A Fapib também está com cestas básicas para entregar, mas no momento não consegue acessar a TI para fazer isso. Seguindo a orientação do governo estadual, a entidade precisa aguardar até que o caminho possa ser feito de forma segura.

O Terra NÓS entrou em contato com o Cacique Adolfo da aldeia Rio Silveiras, uma das afetadas pelas chuvas. Cacique Adolfo está acompanhando o que acontece na região e disse que eles têm recebido doações da prefeitura de Bertioga, que fez a arrecadação. Os indígenas receberam três carregamentos com alimentos, roupas e outros itens necessários, apesar de ainda faltar itens para algumas famílias como fogão e geladeira.

O indígena ainda afirmou que não tem mais nenhuma pessoa ilhada. "A aldeia já está estabilizada. A aldeia e as comunidades estão seguras", disse ele.

Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, informou nas redes sociais que está em contato com os indígenas da região. “Toda solidariedade às vítimas e famílias atingidas pelas fortes chuvas no litoral de São Paulo”, escreveu.

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A Terra Indígena Ribeirão Silveira abriga cinco aldeias e tem cerca de 400 pessoas das etnias Guarani, Guarani Mbya e Guarani Ñandeva, de acordo com dados da Comissão Pró-Índio, do Instituto Socioambiental e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). 

Fonte: Redação Nós
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