Tite se manifestou sobre a condenação de Daniel Alves por estupro na Espanha neste domingo, 25. Em coletiva após vitória por 2 a 0 do Flamengo sobre o Fluminense pelo Campeonato Carioca, o técnico foi questionado sobre seu 'sentimento' a respeito do resultado do julgamento do atleta com quem trabalhou na Seleção Brasileira.
"Eu não posso fazer julgamento não tendo todos os fatos e todas as informações verdadeiras, eu posso falar conceitualmente. Conceitualmente, todo erro deve ser punido. Agora, eu não sou julgador e não tenho todos os fatos", afirmou o treinador durante a entrevista coletiva.
Tite ressaltou o tempo em que trabalhou com Daniel Alves na seleção, mas disse que a vida do atleta se estende para além da passagem pela Canarinho sob seu comando. "Há uma etapa de um profissional que trabalhou comigo, agora existem outras etapas profissionais e pessoais que ele também exerce e que eu também não conheço e não posso julgar".
Tite comparou a pergunta a uma situação vivida enquanto ainda estava à frente da Seleção, mas com o jogador Neymar. Na ocasião, ele relembra ter se posicionado da mesma maneira.
"Quando eu fui em uma entrevista coletiva que houve um problema com o Neymar, foram 24 perguntas e eu tive que responder 18 a respeito, e eu disse a mesma coisa. Eu não tenho conhecimento aprofundado sobre isso, mas quem erra deve ser punido. Foi assim que eu aprendi e assim que eu fui educado pelo meu pai", terminou.
Tite e Daniel Alves trabalharam juntos na Seleção Brasileira durante todo a passagem do treinador pela Canarinho. Fora da Copa do Mundo de 2018 por lesão, chegou a ser capitão da Seleção, sob Tite, na Copa América de 2019. Em 2022, foi convocado para a Copa do Mundo do Catar, onde se tornou o jogador mais velho a jogar pelo Brasil no Mundial.
Condenação por estupro
A sentença de Daniel Alves foi anunciada na manhã de quinta-feira, 22. O atleta foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro de uma jovem no banheiro de uma boate, em Barcelona, em 30 de dezembro de 2022. A decisão foi considerada satisfatória pela promotoria da Espanha.
Por outro lado, Inés Guardiola, advogada do jogador brasileiro, acredita que há boas chances de conseguir reverter à prisão preventiva do cliente, já que a sentença definitiva ainda não foi emitida pela corte espanhola, segundo o jornal La Vanguardia.
Além dos 4 anos e 6 meses de prisão --que descontará os 13 meses que ele já está detido, Daniel Alves terá que cumprir cincos anos de liberdade vigiada (espécie de regime semi-aberto), e ficar nove anos longe de qualquer contato com a vítima, sendo proibido de entrar em contato com ela e se manter distante pelo menos 1 km da casa e trabalho da denunciante, além de indenizá-la em 150 mil euros (aproximadamente R$ 805 mil) por danos morais, físicos e ajuda com o custo do processo.
O Ministério Público espanhol pedia a pena de 9 anos para Daniel Alves e dizia que os acontecimentos "não eram merecedores de uma pena mínima", que é de quatro anos, enquanto a acusação queria 12 anos --tempo máximo para crime de agressão sexual na Espanha.
Inicialmente, a defesa solicitou a absolvição. Porém, em caso de condenação, pediu 4 anos e que fosse considerado como atenuantes: intoxicação alcoólica, reparação de dano com pagamento de 150 mil euros e violação do direito fundamental do acusado (Daniel Alves diz que foi investigado sem ser informado inicialmente sobre a acusação), e acabou atendida.
O julgamento do ex-atleta aconteceu no começo do mês e durou três dias. Ao todo, 28 testemunhas foram ouvidas, além do próprio Daniel Alves e da vítima, que prestou depoimento em uma sala separada e teve voz e imagem distorcidas para não se reconhecida. A identidade dela não foi divulgada desde o início do caso.
Em seu depoimento, Daniel Alves explicou as diferentes versões para a acusação, se declarou inocente e afirmou que relação sexual com a vítima foi consensual. Ele chegou a chorar e alegou que estava muito bêbado no dia do crime. Já a vítima reforçou a acusação de estupro e agressão.