A polícia espanhola liberou três torcedores presos em Valência na manhã desta terça-feira, 23, acusados de insultos racistas contra Vinícius Junior no estádio Mestalla pelo Campeonato Espanhol. A informação é da TVE.
De acordo com a emissora, os torcedores têm idades entre 18 e 21 anos e terão obrigação de comparecer ao tribunal para prestar esclarecimentos. Eles foram detidos sob a acusação de crime relacionado ao exercício dos direitos fundamentais e das liberdades públicas.
O Valencia ajudou na identificação dos torcedores e prometeu que vai proibir a entrada dos envolvidos na denúncia de racismo no estádio para sempre.
Além dos três torcedores detidos em Valência, foram presas quatro pessoas suspeitas de pendurar um boneco representando o jogador do Real Madrid, enforcado em uma ponte rodoviária em Madri em janeiro. O boneco, com uma blusa de Vinicius Junior, apareceu pendurado, simulando um enforcamento, no dia 26 de janeiro, após a vitória do Real Madrid por 3 a 1 contra o Atlético de Madrid pela Copa do Rei. Com ele havia uma faixa com as palavras: "Madrid odeia o Real".
Na sequência do ataque, o Real Madrid denunciou um "lamentável e repugnante ato de racismo, xenofobia e ódio contra o nosso jogador Vinicius", declarando esperar "que sejam apuradas todas as responsabilidades de quem participou neste ato tão desprezível". Foi imediatamente aberto um inquérito.
A investigação, baseada principalmente em testemunhos, estabeleceu que estes quatro torcedores, "identificados durante os jogos classificados como de alto risco no âmbito da prevenção da violência no esporte", eram os "presumíveis autores" dos atos, declarou a polícia.
As quatro pessoas, detidas em Madrid, são alegadamente responsáveis por um "crime de ódio", declarou a polícia espanhola em comunicado. Três delas são "membros ativos de um grupo radical de torcedores de um clube de Madrid", acrescenta o comunicado.
Vinícius tem sido alvo de repetidas provocações racistas em Espanha, especialmente após ter começado a festejar os seus gols dançando.
No último domingo, o jogo contra o Valência no último final de semana foi temporariamente interrompido depois de Vinícius ter ouvido parte da torcida rival o xingarem de macaco no segundo tempo. Ele apontou para o local da arquibancada de onde vinham os insultos e o árbitro Ricardo de Burgos decidiu paralisar a partida. Vinícius pensou em abandonar o campo, mas acabou por continuar a jogar.
A partida foi retomada após um aviso no sistema de som do estádio, que pedia o fim das manifestações racistas. Mais tarde, em uma confusão generalizada, Vinícius deixou o braço no rosto de Hugo Duro e foi o único jogador expulso já nos acréscimos.
O brasileiro recebeu apoio de dirigentes e atletas de todo o mundo e criticou fortemente o futebol espanhol por não fazer mais para acabar com o racismo. O Valência baniu para sempre um torcedor identificado como tendo insultado Vinícius durante o jogo. O Real Madrid levou o caso ao Ministério Público, considerando-o um crime de ódio. A liga espanhola apresentou nove queixas-crime de casos de racismo contra Vinícius nas últimas duas temporadas, tendo a maioria sido arquivada pelos procuradores.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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