Uma televisão da Espanha teve acesso ao depoimento mais recente da mulher que acusa o jogador Daniel Alves de estupro. O lateral brasileiro está preso desde janeiro, sob acusação de agredir sexualmente a jovem de 23 anos na boate Sutton, em Barcelona, em 30 de dezembro.
Daniel Alves nega ter cometido o crime, e mudou diversas vezes sua versão dos fatos. Inicialmente, ele alegou que não conhecia a vítima, mas posteriormente admitiu que houve relação sexual, mas que havia sido consensual.
Atenção: a partir de agora, há relatos explícitos de abuso, que podem ser gatilho para a lembrança de situações traumáticas.
Segundo o programa En Boca de Todos, da TV Cuatro, a vítima disse aos investigadores que o atleta levou sua mão até as partes íntimas dele, antes mesmo de entrar no banheiro da discoteca onde, segundo ela, houve o abuso. Mas, segundo contou, primeiro Daniel Alves perguntou se ela sabia quem ele era.
"Eu disse 'não'", lembrou. Ele então teria respondido que era "jogador de petanca em Hospitalet" — um esporte de origem francesa, semelhante à bocha.
"Lembro que pegou na minha mão e a pôs nas suas partes baixas. Voltou a me dizer para irmos embora. Eu disse 'não'. Comecei a ter muito medo e pensei: 'E se ele põe alguma coisa na minha bebida? E se faz alguma coisa à minha amiga?' Pensei de tudo em muito pouco tempo", disse a mulher no depoimento.
A TV não especificou quando o depoimento foi dado à polícia. No entanto, a mulher disse que não sabia que a área para a qual o jogador a chamou na sequência era um banheiro da boate.
"Em nenhum momento eu soube para onde estava indo. Lembro de ir atrás dele. Nesse momento, pensei: 'Certeza que é uma porta para a rua ou uma sala VIP ou outra zona da discoteca'. Ele abriu a porta e só quando entrei é que vi onde estava me metendo. Vi que era um banheiro pequeno, minúsculo", disse.
Vítima detalha abuso que sofreu
A mulher ainda deu detalhes de como o abuso teria ocorrido dentro do banheiro.
"Ele levantou o meu vestido e me fez sentar em cima dele. Lembro de lhe dizer 'Não posso, não posso, tenho de ir embora, não quero', e ele começou a dizer muitas coisas. Depois, quando me jogou no chão, lembro de ficar em choque. Não sabia o que fazer. Fiquei de joelhos diante dele. Nesse momento, vi uma tatuagem. Nesse momento, tive muito medo. Pensei: 'Esse cara vai me machucar muito'. A cara, a tatuagem... Até o dia de hoje, são cenas de que me recordo muito", relatou a mulher.
De acordo com o jornal El Mundo, uma imagem de meia-lua na parte inferior do abdômen do jogador serviu para comprovar que em algum momento ele ficou sem roupa. Inicialmente, Daniel disse que estava vestido e que a mulher sentou em seu colo.
O que Daniel Alves diz sobre a acusação de estupro
Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. O Pumas, do México, rescindiu o contrato com o jogador no mesmo dia, alegando "justa causa".
Segundo a acusação, o atleta teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna. A vítima procurou as amigas e os seguranças da festa depois do ocorrido. No material coletado, foram encontrados vestígios de sêmen, tanto internamente quanto no vestido da denunciante.
No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa Y Ahora Sonsoles, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
Veja a evolução do caso de acusação contra Daniel Alves, preso desde janeiro
Em maio, a defesa de Daniel Alves pediu a soltura do jogador, sob alegação de que o risco de fuga do réu é inexistente, em resposta à negativa anterior de liberdade provisória do lateral-direito. A petição, com 36 páginas, faz ainda referências extensas à consistência do laudo pericial entregue ao juiz e do material audiovisual analisado das câmeras da boate.
Segundo a defesa contrapôs, não é factível a história de medo, desmoronamento, nervosismo e intimidação que a denunciante descreve em suas declarações. Além disso, dizem os advogados de Daniel Alves, o conjunto de imagens que mostram ela, o jogador e os dois amigos juntos na mesa VIP, estão "longe de revelar" o que eles chamaram de "microcosmo de pânico, terror e anulação do domínio da vontade".
"Mostram dois adultos desenvolvendo um jogo erótico de sedução antes da relação sexual", diz a defesa.
Daniel Alves afirmou que é "respeitoso" na relação com as mulheres e não toma a iniciativa se não perceber "tensão sexual" e uma clara predisposição. O jogador também afirmou que tudo o que aconteceu dentro do banheiro da boate foi um "ato livre e voluntário", que ele e a jovem fizeram amor e acusadora "nunca disse para parar".