Desde que começou a atuar na defesa da mulher que denunciou Felipe Prior por estupro, há cerca de três anos e meio, a criminalista Maira Pinheiro já recebeu mais de cem mensagens de ódio de fãs do arquiteto e ex-BBB.
"Os fãs dele são muito virulentos. Minhas redes sociais chegavam a ter mais de 100 mensagens, todas de ataque, de ódio, me xingando com palavras machistas, me atacando no exercício da profissão. A minha imagem foi muito explorada. Mas isso faz parte do jogo né? A gente não tem medo de fanático", disse ao g1, completando que os colegas homens não sofreram as mesmas ofensas ao longo do processo que condenou Prior a seis anos de prisão em regime semiaberto no início de julho.
A advogada contou que chegou a receber 20 ligações anônimas em uma madrugada e, em diversos momentos, teve a caixa de entrada das redes sociais lotada com ataques. Maira compartilhou com a reportagem do g1 alguns prints das mensagens em que é chamada de vadia, "feminazi", nojenta, bandida e pilantra, entre outros xingamentos. Themis*, nome fictício adotado pela defesa com o intuito de preservar a identidade da vítima, também foi ameaçada e sofreu ataques nas redes.
"É isso que nós, mulheres, somos quando desagradamos o patriarcado. E como a gente estava indo para cima de um criminoso em série, que tem um padrão de predação de mulheres, a gente desagrada o patriarcado. Mas não é algo que nos intimide", garantiu.
Após a condenação, Prior publicou uma nota nas redes sociais dizendo que é inocente e vai recorrer da decisão. Os comentários da postagem foram limitados e apenas os de apoio foram mantidos.
Além de Themis, outras três mulheres denunciaram o arquiteto por estupro. Elas receberam pseudônimos de divindades femininas a fim de preservar suas identidades ao longo do processo: Freya, Ísis e Diana. A advogada Juliana Valente, que trabalha na mesma equipe de Maira, informou que, em relação às outras três denúncias, Prior já se tornou réu em uma e que as outras duas estão em fase de investigação por parte da Polícia Civil.
"Acreditamos que ele pegue uma pena maior nesses outros casos. Se for na pena mínima, no mínimo, 24 anos de prisão, o que a gente tem plena convicção que vai acontecer. Essas vítimas, depois de tanto sofrimento, vão conseguir o mínimo da Justiça, porque essa dor nunca vai ser reparada", falou Juliana.