Em 1988, a novela "Vale Tudo" abordou a história de amor entre duas mulheres. Cenas do casal lésbico foram censuradas na época.
Em 1988, uma novela da Rede Globo marcou a época ao abordar a história de amor entre duas mulheres. Em "Vale Tudo", que irá ganhar um remake em 2025, o casal lésbico composto por Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin) se tornou um dos mais icônicos da teledramaturgia nacional.
Laís era descrita como "bonita, simpática e mais frágil que a companheira Cecília, com quem vive há 12 anos". Elas eram donas de uma charmosa pousada em Búzios e o relacionamento não era muito aceito pelos familiares.
Após um grave acidente e a morte de Cecília, Laís precisou enfrentar uma disputa judicial pelos bens da companheira com o cunhado Marco Aurélio (Reginaldo Faria), que não aceitava a relação.
Dessa forma, a novela abordou um assunto extremamente importante e relativamente novo para a sociedade: em uma época que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não era legal, com quem ficaria os bens de Cecília, que estava em um relacionamento homoafetivo? No fim, Laís herdou a pousada.
Censura
“Vale Tudo” foi exibida durante a Ditadura Militar e estreou antes da Constituição de 1988, fazendo com que ela fosse alvo de censura. Diversas cenas do casal foram cortadas da novela, como uma em que as mulheres falariam sobre os preconceitos que sofreram por serem lésbicas.
Além disso, a Censura Federal, ainda em vigor na época, vetou cenas em que as personagens demonstravam intimidade ou deixavam mais explícito que elas tinham um relacionamento. E a própria produção da novela era cuidadosa com as cenas para eles não sofrerem uma censura maior.
"Lembro de ter lido cena de beijo na boca, selinho, mas não lembro de ter gravado. O público, no entanto, torcia pela Laís. Diziam que sentiam muito e que o direito da herança era 'meu'. A Laís conquistou o público porque era uma fofa, não era uma sapatão maluca", disse Cristina Prochaska ao UOL em 2013.